sábado, 31 de agosto de 2013

Traído pelo galo


"Eu tô dirigindo agora. Já ligo pro senhor, tá ok?", disse ao celular a moça sentada ao meu lado no ônibus. Se escrota eu fosse, berraria "ô, 'motô', peraí que eu vou descer neste ponto!". Como não sou, deixei pra lá. 

Uma vez, um amigo meu se atrasou para o trabalho e de casa ligou para o chefe com a desculpa de que estava preso num engarrafamento no Centro. Só que o galo do quintal vizinho resolveu cantar e ele acabou desmascarado. Um galo a plenos pulmões na Presidente Vargas é um cadinho difícil de engolir, né?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cala a boca, Micheline!


Sobre Micheline Borges, a moça que disse que as médicas cubanas têm cara de empregadas domésticas e que pra ser médico é preciso ter postura de um (risos), eu só tenho uma coisa a dizer: que nome escroto, hein, Micheline?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Crase


Eu já disse isso aqui uma vez, mas agora volto a dizer: crase é complicado, né? Também acho, mas me prometa uma coisa? Não use aleatoriamente o acento grave. Às vezes eu tenho a impressão de que nego escreve e depois para e pensa: "porra, não é possível que não role uma crasezinha sequer neste texto... Vou lançar uma aqui neste 'a todos', outra neste 'a você' e, deixa eu ver... ah, outra aqui neste 'a Deus' tb por que, né? É capaz de ter. Deus é importante. Deus merece um acento grave.". Não faça isso... Na dúvida, meu amigo, não use. Mais vale a falta do que o uso equivocado.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Gueixa afrodescendente


Tenho um vestido longo que limita os movimentos das minhas pernas. Sempre que eu tô com ele, esqueço deste detalhe. Agora, por exemplo, ao atravessar a rua, precisei dar uma corridinha por que um carro se aproximava. Quem me viu correndo certamente teve a impressão de ter visto uma gueixa afrodescendente fugindo de um samurai invisível. ¬¬

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sophia com ph


EU: que linda! Qual é o nome dela?
MOÇA DO ÔNIBUS: Sophia com ph.

Além de linda, Sophia com ph é fofa e ri pra todo mundo. Sophia com ph é encantadora. Amei Sophia com ph! Tomara que Sophia com ph, quando for uma mocinha, apresente-se assim: "oi, prazer, eu sou a Sophia com ph. E você?". Com muita sorte, ela ouvirá o seguinte: "eu sou o Kauã com k e aquela ali é a minha irmã Nathanny com th, duplo n e y".

sábado, 17 de agosto de 2013

Prazer de varrer


Por que será que quando eu vejo garis limpando a rua, varrer parece ser uma atividade tão prazerosa? Só eu acho isso? Varrer a casa, que é bom, não tem graça alguma. Juro que tenho vontade de pedir o vassourão emprestado por 3 minutinhos pra dar cabo do tanto de folha e terra que brota numa calçada. Sinto a mesma coisa quando vejo alguém passando o rodo. Literalmente.

sábado, 10 de agosto de 2013

Para Jéssica, com carinho


Volta e meia surge aqui na minha rua um carro de som coloridíssimo, barulhento e com fogos de artifício pra fazer uma surpresa a alguém. Hoje, por exemplo, é o aniversário da Jéssica, que eu não faço ideia de quem seja (não sei mesmo). Eu, claro, fui lá fora dar uma olhada, mas fui obrigada pela minha mãe a entrar porque gargalhei quando a mulher do carro de som, patética e com voz de taquara rachada, deu assim início ao seu discurso: "primeiramente eu queria dar uma boa-noite a todos. Segundamente eu queria chamar a Jéssica aqui. Vem cá, Jéssica!". 

Esse é um dos prazeres que só o subúrbio pode proporcionar a alguém. Tem nem o que discutir.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Progressiva


Eu e minha irmã saímos juntas e encontramos na rua uma senhora que nos viu crescer. Ela nos parou, falou, falou, falou e eu achei que não fosse parar mais. Uma hora lá ela virou pra mim e disse: "posso te falar uma coisa? Deixe o seu cabelo assim mesmo. Não faça progressiva, não. Acho ridículo esse bando de mulheres fazendo progressiva. Acho que até vale pra quem tem cabelo muito ruim, mas vc não precisa". Aí nos despedimos e fomos embora... eu, minha irmã e seus cabelos alisados com escova progressiva.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dona Yedda, a pândega


Minha avó gosta de chamar a atenção e fica de rabo de olho pra ver se tá agradando. Nem sempre tá, mas ela jura que tá. Vale de um tudo pra aparecer, mas ela usa basicamente 3 tipos de abordagem: diz que canta “Ronda” muito bem, conta piadas nível Louro José ou chega com um tabuleiro de empadão. 

A música ela jura que canta melhor do que a Marrom. A piada mais contada é a da notícia da morte da Neném (a irmã da Pepê). É sempre assim: ela se aproxima com cara de enterro e diz que a Neném morreu. Quando a pessoa finge ter acreditado e pergunta como foi que isso aconteceu, ela diz que Neném caiu do berço [sobe claque gargalhando]. O empadão é bom mesmo. O melhor que já comi em toda a minha vida. 

Se nós da família pedimos pra ela parar, a resposta é sempre a mesma: “mas as pessoas me acham divertida! Elas dizem ‘a senhora não é fácil, minha tia!’”. Todos. Ao longo de todos esses anos. Conhecidos ou desconhecidos, segundo ela, TODOS a chamam de “minha tia”. 

Esse é o roteiro de Yedda em salões de beleza, clínicas médicas, rodas de amigos dos familiares e qualquer outro lugar. Sempre tem um amigo que me diz “ah, Renata, mas sua avó é animada. Deixa ela!”. É, mas ninguém nunca precisou buscar a avó no salão de beleza e a encontrou cantando “Ronda” pra um monte de gente desconhecida e entediada. Não foi comigo. Foi com minha irmã. Mas poderia ter sido.