sexta-feira, 25 de outubro de 2013

RIP, Jaiminho.


Uma vez, andando pelo Centro, meu pai recebeu do Jaiminho um cartãozinho. Na época, ele era candidato a deputado estadual. Estava aproveitando a fama de papagaio de pirata pra tentar um cargo público, né? Certa vez, durante a transmissão de uma reportagem do RJTV, vi que Jaiminho não estava enquadrado. Peguei o cartãozinho, liguei pra ele e disse: "vá mais pra direita, seu Jaime!" e ele, pra minha alegria, deu dois passinhos pra direita.

Jaiminho deve estar feliz por ser notícia. Ok, numa nota de falecimento, mas papagaio de pirata que é papagaio de pirata não se espanta com a morte. Nem mesmo com a própria.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tagarela


Milena ficou os 4 primeiros anos de vida sem ouvir. Só se comunicava por Libras. Tenho pra mim que da cirurgia pra cá, ela tem tentado compensar os anos em silêncio. 

Milena não faz outra coisa a não ser falar. E como fala... Fala pelos cotovelos. Não satisfeita em falar, espera que a gente interaja com a mesma empolgação. Estamos na rua desde as 6 horas e ela só deu trégua quando precisou entrar no consultório da fono. No caminho até aqui ela falou de um tudo. Perguntou como é que os moradores de prédios regam suas plantas, quis saber se Deus vê as pessoas pichando muros, falou com indignação do absurdo que é uma loja chamada Recreio Veículos estar na Tijuca e não no Recreio, debateu sobre a rotina dos trabalhadores de shopping, falou da colega da escola que começou a usar óculos e contou, com riqueza de detalhes, as emoções do capítulo de ontem de "Chiquititas". A sorte dela é que eu sou uma boa ouvinte.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vida que segue


Fui levar a Milena na escola, coloquei-a no canto da calçada e...

MILA: tia, você me bota no canto porque tem medo de um carro subir a calçada e eu morrer, né?
EU (rindo): se um carro me pegasse e eu morresse, o que você faria?
MILA: eu iria gritar.
EU: e depois?
MILA: eu iria correr.
EU: e depois?
MILA: eu iria sozinha pra escola, ué!



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Morena_Carente entra na sala



A mulher conheceu um irlandês num site de relacionamentos e, segundo ela, a afinidade foi tão grande, tão imediata, que eles falaram em casamento já na primeira conversa. Papo vai, papo vem, o cara disse que viria ao Brasil e perguntou se ela se importaria em largar o trabalho pra casar com ele em maio próximo.

O que ela fez? Disse "tá maluco?"? Não. Saiu do bate-papo na mesma hora? Também não. Achou aquilo normal e foi ao aeroporto encontrar o cara mesmo sem saber o número do voo nem a companhia aérea? LÓGICO!


O homem apareceu? Não. Fez reserva no tal hotel informado no bate-papo? Também não. A moça ficou com cara de tacho ao lado da Astrid e teve que voltar pra casa sozinha e de ônibus na hora do rush? Sim.

Tadinha, mas, porra! Tinha que levar o Tinder tão a sério assim, moça?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Bad hair day


No comercial da TRESemmé, a Alinne Moraes aparece escondendo o cabelo com um lenço, entrando apressada num salão de beleza e dizendo pra si mesma "não posso ser vista com o cabelo assim". Sabe o que é triste? É eu me dar conta de que o bad hair day dela dá um banho no meu cabelo num dia de esplendor e graça.

Complete as lacunas


Fiz uma provinha pra Milena estudar pro teste de Ciências de hoje. Enquanto respondia às perguntas, malandramente ela pegou o meu celular escondido pra me passar a perna e achar as respostas sem ter de esquentar a cabeça. Fiquei observando à distância pra dar o bote na hora mais apropriada. Quando peguei o celular, vi que ela havia escrito o seguinte no Google: "a --------- fixa a planta ao solo e retira dele a -------- e os ---------". Fiquei com tanta peninha, que desisti da bronca. Só escondi o celular. O Google é milagroso, mas ainda não tem o poder de desvendar o que está por trás dos tracinhos de questões do tipo "complete as lacunas".