Tenho a terrível mania de acumular tralha. Ontem, parei para me livrar de parte dela. Joguei fora sacolas com recortes de jornais, de revistas, anotações que já não têm importância, cartões de visita de serviços que podem ser facilmente achados na internet e comprovantes de pagamentos completamente apagados. Achei até um raio-x de 2003, ano em que eu fui atropelada no estacionamento do Barra Shopping. Guardei aquilo por 11 anos pra quê? Não encontro respostas para esse tipo de apego.
Achei também um bolo de currículos em que eu evidenciava a minha então grande experiência profissional: a de operadora de telemarketing. Sou do tempo em que bater de porta em porta para se apresentar às empresas ainda era um hábito comum. Daí o motivo de eu ter tantos impressos. Uns 30, talvez. Agora eles se juntaram ao bolinho de folhas cujo verso Milena usa para estudar para provas. Continua sendo tralha, é verdade, mas agora é uma tralha com uma utilidade nova.
Dos recortes de jornal, joguei fora muitos cadernos Boa Chance e muitas edições especiais do Globinho com dicas para o vestibular. Só guardei as do professor Pasquale. Não ousei me desfazer das dele, até porque ainda são úteis para mim. Guardei também algumas crônicas que eu li, gostei, mas não tive coragem de jogar fora. Achei até provas minhas do 2º grau! Consegui me livrar da maioria, mas não das redações. Fiquei com todas.
Tralha é uma coisa que empaca a vida da gente, né? Não joguei tudo fora, mas reduzi um bocado e fiz um progresso significativo para os meus padrões. Tô a um passo de me tornar uma acumuladora compulsiva, como aqueles dos programas de TV, mas tô em fase de desprendimento. Acho que já é alguma coisa.