Outro dia, assistindo Rainha da Sucata, eu ri quando Nicinha, a biscate, disse que tinha datilografado um currículo. Lembrei na hora do meu curso de datilografia e da Olivetti que eu ganhei no meu aniversário de 10 ou 11 anos.
Pedi uma máquina porque eu achava lindo posar de escritora de filme que arranca com raiva a folha com uma ideia cretina escrita. Só por isso. Depois eu descobri que aquela Olivetti azul tinha outras utilidades. Fiz muitos trabalhos de escola com a ajuda dela. E queria morrer quando escrevia alguma coisa errada e tinha que usar Liquid Paper (Toque Mágico é da geração seguinte). O trabalho ficava todo cagado. Isso sem contar a raiva que eu sentia quando terminava de "bater" tudo, perdia horas fazendo aquilo, tirava o papel e descobria que o texto tinha uma ridícula inclinação para um lado. Depois de muito tempo e de muitas folhas de Chamequinho jogadas fora, eu, finalmente, peguei a manha.
Naquela época, trabalhos datilografados faziam muito mais vista do que os escritos à mão, em papel almaço. Dava até orgulho. Apresentar um trabalho datilografado, com xerox colorida das imagens e título na capa com letras cuidadosamente desenhadas (e pintadas com canetinha!) era a certeza de garantir, pelo menos, uns 3,0 pontos pelo capricho. Se tivesse aquela capa plástica colorida, então, o 10,0 era praticamente certo.
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