Pouco antes de eu aparecer no topo da escada rolante da estação Engenho de Dentro, uma mulher veio apressada, certa de que por ali ela desceria e chegaria à plataforma. Quando viu que estava no sentido oposto, ela deu um pulinho engraçado e foi na direção da certa. O susto dela me fez lembrar outra mulher que, certa vez, eu e a Thaisinha vimos num shopping. Saí da estação rindo sozinha lembrando daquele dia.
Foi assim: estávamos andando normalmente e assim que pegamos a escada rolante que nos levaria para o piso de baixo, surgiu uma mulher lá na outra ponta. Ela tentava a todo custo subir, só que como a escada funcionava no sentido contrário, não deu muito certo. E ela insistiu. E nada a fazia desistir daquilo. Acho que ela resolveu se entregar à vergonha e quis nem saber; enfiou na cabeça que ia subir por ali mesmo, de qualquer jeito. Não conseguiu, obviamente, e nós ficamos ali, meio atordoadas, assistindo àquela tentativa frustrada, constrangedora, sofrida. Nem Didi com o extintor consegue ser tão pastelão.
Demos mais uma volta no shopping, saímos em seguida, entramos num ônibus às gargalhadas, sentamos e em meio a comentários do tipo “nossa, que lerda aquela mulher da escada rolante, hein? Que vergonha!”, nos demos conta de que ela — não nos pergunte como — estava sentada um ou dois bancos atrás. Quer dizer, não basta ser pateta. Tem também que ser ridicularizada por uma gente desconhecida, ouvir tudo e sofrer calada no fundão de um 435 (Grajaú / Gávea) da vida.
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