O meu ponto se aproximava, eu puxei a cordinha e o motorista gritou lá da frente: "cuidado com o degrau!". Em pensamento, eu ri. Ri porque não tem mistério descer do ônibus. Ri porque ando de ônibus há anos e isso nunca foi um problema. Pensei: "ah, moço, faça-me o favor, né? Não carece me dar esse alerta, não". O ponto chegou, eu desci e... derrapei. O degrau tinha virado uma rampa de freestyle e eu só não fui pro chão porque Deus não quis.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Manual da Mulher Solteira - Parte 2
Há algumas semanas, eu escrevi a primeira parte da minha análise sobre oManual da Mulher Solteira, lançamento da Editora Guarda-chuva. Hoje, falarei um pouco mais sobre o livro e o quanto eu me identifiquei com ele.
O “Manual da Mulher Solteira” é daqueles livros que a gente lê concordando com a cabeça. Elizabeth Koosed, a autora, conta passagens de sua vida e prova que, sim, muitas de nós temos os mesmos dilemas, as mesmas frustrações e as mesmas pieguices. Ela mostra também quão significativa é a maturidade na vida de uma mulher e o quanto isso nos ajuda a tomar decisões e a se livrar de bobagens que, em algum momento, equivocadamente supervalorizamos. Ok, a maturidade faz coisas incríveis na vida de qualquer ser humano, independente do sexo, mas vou me limitar ao feminino por razões óbvias. Eu me identifiquei tanto com ela em vários trechos, que fiquei com vontade de ser sua amiga, daquelas que andam de mãos dadas pela rua, cochicham pelos cantos e assistem juntas “Dirty Dancing”, na Sessão da Tarde, com lágrima no canto do olho.
Não tenho a menor intenção de, neste texto, parecer uma espécie de guru de relacionamentos amorosos. Isso eu deixo para a Regina Navarro. Além de não ter formação nem interesse em me aprofundar tanto assim no assunto, estou longe de ser a pessoa ideal para dar conselhos do tipo para alguém. O que esperar de uma mulher que não consegue sustentar um papo com um cara só por que ele teve a infelicidade de ter sido registrado como Gleibson? Gleibson, do latim, “adorável”, segundo a Internet. Quais as chances de eu ser uma psicanalista eficaz desse jeito? Nenhuma! Mas, convenhamos: apresentar alguém chamado Gleibson para parentes e amigos está longe de ser uma tarefa fácil. “Gleibson” é um nome que não dá brecha para apelidos. Glei? Gleib? Gleibinho? Gleibão? Não dá.
O que eu quero mesmo é falar das coincidências que tenho com a autora, com algumas amigas e do que a gente se sujeita quando está apaixonada. Lembrei, por exemplo, de uma amiga que assistia vídeos de zouk, no YouTube, porque o cara com quem se relacionava, amava o gênero musical, dizia que a levaria para dançar num clube e ela, que nunca tinha dançado aquilo na vida, não queria fazer feio. Resultado: de tanto assistir, ela acredita ter virado uma expert em zouk, embora nunca tenha arriscado um passo sequer em outro lugar além de sua própria casa.
Elizabeth Koosed fala também de liberdade e bem-estar e do quanto isso independe do nosso estado civil. É verdade. Nós somos tão cobradas, tão fiscalizadas o tempo todo, que as pessoas se sentem muito confortáveis em dar palpites sobre absolutamente tudo. Sem que a gente peça. Sem que a gente demonstre qualquer interesse em saber a opinião dos outros sobre o que diz respeito única e exclusivamente a nós mesmas. É como se casamento e filhos legitimassem a felicidade de alguém. É óbvio dizer isso, mas não é necessariamente assim que as coisas são, não. Funciona com algumas pessoas, claro, mas não é uma regra.
Em um trecho, a autora diz que “a vida de solteira não é para corações fracos”. Ô! Só lida bem com a solteirice quem não está preocupada em viver uma fantasia nem em atender às expectativas alheias. Quero casar? Quero. Quero ter filhos? Também quero. E se não rolar nada disso? Tudo certo. De verdade, tudo certo! Não faço parte do grupo de mulheres que rejeitam completamente a ideia de entrar num casamento nem do das que têm isso como meta. Digamos que eu sou o elo perdido entre esses dois grupos. Quero somente levar a minha vida do jeito que eu levo, sem urgência, sem desespero e deixando que as coisas aconteçam no tempo delas. Viver uma felicidade de fachada, definitivamente, não é para mim.
Costumo dizer que eu queria ter nascido Carrie Bradshaw para viver em Manhattan, ser uma escritora de sucesso, o alvo da disputa do Aidan e do Mr. Big, a queridinha dos estilistas mais badalados de NY e ainda contar com a sorte de ter uma Samantha Jones como BFF (imagina que sonho?). Tudo isso sendo a Sarah Jessica Parker, que não satisfeita em ter tanta sorte na ficção, laçou o Matthew Broderick na vida real. Acho que, na verdade, eu queria ser a Sarah Jessica Parker… Bom, o fato é que a Carrie tem o meu ideal de vida (nem tanto, tô forçando um pouco a barra). Só não é completamente porque eu sou, de verdade, muito feliz desfilando por aí com um vestidinho da coleção primavera/verão da Leader. Sou uma pobre conformada, por assim dizer. Ainda assim, estou longe desse “ideal Carrie”. Bem longe.
Solteira, casada ou num relacionamento não muito sério. Não importa o meu estado civil. Não importa o que eu quero para a minha vida. O que me interessa é ter bons encontros, conhecer gente bacana, fazer boas escolhas e tomar decisões que, acima de tudo, me valorizem. Elizabeth Koosed, muito sabiamente, apresenta situações comuns à maioria de nós – especialmente quando um cara que nos interessa cruza o nosso caminho – e sugere de que formas podemos conduzi-las a nosso favor. Não é lição de moral, não é autoajuda, não é papo de psicóloga de botequim. É apenas uma troca bem legal o que ela promove no livro. Vale a pena ler.
Por fim, quero ser lembrada como uma boa companhia na hora de tomar umas caipirinhas, de sentar em algum canto para rir da vida, para lamentar, para ouvir quem quer ser ouvido (e ser ouvida também!) ou até mesmo para sair por aí à procura de alguma casa do Rio de Janeiro que toque zouk, gênero que eu, modéstia à parte, domino como ninguém.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Baldeação
Saí, há pouco, do Jardim Botânico e pensei: "ah, não vou descer na Alvorada, não. Vou pegar um ônibus direto pra casa. Essa hora não vai ter trânsito mesmo... Não preciso de BRT". Quebrei a cara. Tinha. Estava tudo parado na Américas, na Ayrton Senna e, segundo a minha informante do banco de trás, na Linha Amarela, no Anil e na Freguesia também.
O que eu fiz? Na primeira oportunidade, desci pra pegar o BRT voltando pra Alvorada (é só um ponto) pra de lá pegar o expresso que me deixaria em Madureira sem passar por um engarrafamento sequer. E assim eu fiz. Desci do 565, subi passarela, desci passarela e peguei o BRT. Nele, um homem chato pregando (sim, eles estão por toda a parte) e meia dúzia de passageiros exaustos, não sei se pelo fato de terem chegado ao fim de mais um dia de trabalho ou por terem que aguentar aquele homem chato, falando pelos cotovelos, e com a animação de um chefe de excursão.
Cheguei na Alvorada, entrei na fila (três ônibus param para essa única fila, é o samba do crioulo doido!) e o homem que pregava no outro ônibus parou atrás de mim. Ele me abordou e...
HOMEM: Boa noite!
EU: Boa noite!
HOMEM: esta fila é do ônibus que vai pro Fundão?
EU: também.
HOMEM: amém! Esta fila é do ônibus que vai pro Fundão?
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
Modo esquilo
Estão dizendo por aí que sei lá quem previu que o mundo irá acabar hoje. Eu queria apenas pedir ao universo que, por piedade, bote um ponto final nisso tudo aqui mais lá pro fim do dia, só depois da minha ida ao dentista.
Eu posso explicar. Há um mês, mais ou menos, quebrei um dente (sim, mais um) durante o jantar de aniversário de uma amiga. Foi um vexame, eu tive que ir embora à francesa, deixei meus amigos preocupados, fui parar numa emergência odontológica, tarde da noite, e ainda arrastei uma amiga que, coitada, me acompanhou nessa caça ao dentista perfeito. Hoje, finalmente, finalizarei o tratamento que comecei naquela mesma semana.
Com esse dente quebrado do lado direito e um canal que fiz, há um ano, no lado esquerdo (eu também tinha quebrado esse outro dente), fiquei receosa de comer qualquer coisa em ambos os lados. Pra poupá-los e evitar o pior, tenho concentrado a mastigação nos dentes dianteiros. Virei um esquilo, praticamente.
Bom, voltando ao papo sobre o fim do mundo. Não quero encerrar essa minha passagem pela Terra com um dente remendado. Quero ser merecedora de chegar, sabe lá Deus onde, com o dente bonitinho. Portanto, universo, eu suplico: antes da minha ida ao dentista nem pensar, tá? Agradeço desde já.
Igual à Beyoncé
Enquanto isso, na fila do BRT...
"O cara teve a coragem de trocar a mulher e os filhos por uma mulher igual à Beyoncé!"
Te contar que até eu ficaria mei balançada... Mentira, ficaria, não. Família é tudo nessa vida, mas, porra... UMA MULHER IGUAL À BEYONCÉ?! É pra deixar um cidadão comum em dúvida, né, não? Pensa só. Mas sejamos corretos e justos. Tome vergonha nessa cara, moço, largue a Beyoncé e volte pra sua família. Isso aí não tem futuro, não. Foi só um rio que passou em sua vida.
domingo, 4 de outubro de 2015
Manual da Mulher Solteira - Parte 1 (de não sei quantas)
A Editora Guarda-chuva me convidou para participar do lançamento do livroManual da mulher solteira: um guia para amar e curtir (sozinha ou acompanhada), de Elizabeth Koosed. Para esta ação, foram selecionadas mulheres que, segundo eles, pensam, escrevem, não têm medo de contradições e que, de alguma maneira, tratam do que é ser mulher hoje em dia em suas redes, sites ou negócios. Adorei o convite e topei na mesma hora!
Não pretendo fazer o tipo mulher-encalhada-frustrada-desesperada-para-arrumar-marido. Não. Definitivamente, não. Até por que este não é o objetivo do livro (não mesmo) tampouco o meu. Também não tô a fim de fazer a linha mulher superbem resolvida, nada insegura, que não tem conflitos, paranoias nem toda a sorte de complicações que nós, tão-somente nós – ah, grande parte das mulheres, vai! –, temos.
Quero analisar o livro – que é bem bacana, diga-se de passagem – e tentar traçar um paralelo com a minha vida, que é cheia de dramas (sou a mais canceriana das cancerianas, logo…) e mostrar que Kotler tem lá os 4Ps dele, mas eu também tenho aqui os meus que me definem muito bem: bem pateta, bem patética, bem previsível e bem precipitada. Sou também do tipo que cria mil expectativas com tudo e com todos e, como um amigo muito bem se define (vou roubar essa, Fil!), sou boba para a idade. Sofro, sofro, sofro nessa minha vida de mulher solteira que anda de condução lotada, que adora observar os outros na rua, que se apaixona e quebra a cara, que comete os mesmos erros e não aprende, aí acerta e erra de novo, que mal sabe passar um batom, que ainda não se entendeu direito com o próprio cabelo, que não se leva a sério e, sobretudo, que ama e curte muito. Sozinha ou acompanhada.
Esta é apenas a primeira parte. Ainda não sei quantas publicações serão, mas, nas próximas, à medida que a leitura for avançando (tô chegando na metade), falarei um pouco mais sobre a minha experiência com o livro e um pouco sobre a minha vida, as minhas histórias… Mas não pretendo falar detalhadamente sobre os meus romances bem-sucedidos nem sobre os mal resolvidos – estes, sempre rendem mais histórias e, não à toa, são maioria – por um motivo muito nobre: porque não. Mas se eu mudar de ideia e resolver esmiuçá-los aqui, tudo bem também. O pessoal da Guarda-chuva curte quem não tem medo de contradições.
O Diabo Veste Saia
VÓ: hoje eu vou mandar em todo mundo. O meu cabelo não tá igual ao daquela mulher daquele filme "O Diabo Veste Saia"?
EU: é Prada!
VÓ: ah, tanto faz! Tem tudo nome parecido!
Não, o cabelo dela não tem nada a ver com o da Miranda Priestly. Mas concordei, claro. Durante anos, ela jurava que tinha o cabelo igual ao da Odete Roitman. Agora jura que está a cara da Miranda. Aparentemente, vovó não curte cabelos das mocinhas.
Tem outra coisa também. Minha avó tem uma mania curiosa: sempre que pinta um evento importante pra ir de manhã, ela vai ao salão na véspera e passa a noite toda dormindo sentada no sofá pra não desmanchar o cabelo. Não há uma criatura capaz de convencê-la do contrário. Ela só não passa por isso quando consegue um horário no salão no mesmo dia do evento. No próximo sábado, meu primo vai casar à tarde. Dona Yedda já tinha planos de passar mais uma noite imóvel, na sala de casa, pra chegar belíssima ao enlace de Cadu, mas, por sorte, conseguiu um horário pela manhã. Amém? Amém!
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