domingo, 27 de julho de 2014

Missão Brigadeiro


Sempre que a Milena vai numa festinha, eu dou a ela a seguinte missão: a de trazer brigadeiros pra mim. Ontem não foi diferente. Ela foi ao aniversário de uma amiga e eu tratei de lembrá-la desse nosso acordo. Só que essa modinha de brigadeiro em copinho anda melando os meus planos. E o que foi que aconteceu? Milena voltou pra casa com apenas um copinho. Um copinho!
Boa era aquela época dos docinhos enrolados à mão em que a gente podia malocar vários num guardanapo ou num copo de plástico e trazer pra casa… Com esses copinhos fica praticamente impossível! Vamos resgatar o antigo hábito de enrolar docinhos, gente! Copinho pra quê? Vocês têm noção do tempo que uma desgraça dessas leva pra desaparecer da natureza? Têm noção do terrível impacto ambiental que isso provoca? Vocês devem estar se perguntando agora: “ah, mas e os copos de plástico pra malocar docinhos, Renata? Esses não contam?”. Pois eu já tenho uma resposta na ponta da língua: esses têm missão dupla, afinal de contas, servem tanto pro refrigerante quanto pro transporte dos docinhos da festinha até a nossa casa. Sejamos conscientes e voltemos pros docinhos enrolados à mão. Eu não tô pensando em mim. Tô pensando no futuro do planeta.
Agravante: minha irmã disse que a Milena, na verdade, tinha separado mais três copinhos pra mim, mas a aniversariante, ao se levantar da cadeira, derrubou todos no chão, provocando, assim, um desperdício/prejuízo de valor incalculável. Taí outro assunto que também merece discussão, mas como tudo isso me deixou muito abalada, prefiro deixar este debate pra uma próxima oportunidade.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Festa no subúrbio


Tudo começou com um post sobre a simplicidade maravilhosa da festa de aniversário de Arabella, neta de Donald Trump. Ao que tudo indica, a mãe dela resolveu (ou é do tipo que curte) contrariar aquela necessidade quase desesperada que alguns pais têm de fazer do aniversário de um filho um superevento. Achei isso o máximo, principalmente por saber que, sendo neta de quem é, a menina poderia ter tido uma daquelas festas grandiosas, luxuosas e cafonas. Mas, não. A mãe dela não está nem aí pra essas bobagens. Sorte de Arabella.
Fiquei sabendo disso num grupo do Facebook em que eu e o meu amigo André fazemos parte. Foi o suficiente pra que nós lembrássemos das nossas inesquecíveis festinhas de subúrbio e do quanto elas, verdadeiramente, nos faziam felizes e nos fazem gargalhar hoje em dia.
Várias coisas marcaram os aniversários das crianças suburbanas dos anos 80 e 90. Uma delas é que a criança vencia na vida quando conseguia comemorar longe de casa. Eu alcancei essa graça nos meus 10 anos, quando comemorei no Tivoli Park. André, que na sua festa de 10 anos trocou de roupa 3 vezes (ele nasceu pra ser estrela), lembrou que fazer festinha no Mc Donald's era coisa pra poucos. Isso meio que elevava a criança à categoria de riquinha da vizinhança. Mas as festas que trazem as melhores recordações são aquelas que comemorávamos numa sala apertada ou num quintal com uma parede inacabada. Era cafona, era confuso, mas era bom. Nós, inclusive, chegamos à conclusão de que festa de subúrbio que se preza, tem sempre que contar com uma espécie de "cortadora" oficial de bolo. A dele era a Vitória. A minha era a Maria Helena, que era também quem preparava os bolos de 90% das crianças da minha rua.
O que eu mais amava em festas infantis era o bolão. Como sempre fui uma criança grande, daquelas que penavam pra achar a Sandalinha da Xuxa nas lojas, levava vantagem nesta que era a hora mais aguardada das festas. Não sei por que fazia tanta questão daquilo. A gente se matava pra levar pra casa um apito, uma língua de sogra e outras bobagens do tipo. Não faz sentido. Acho que valia pela diversão.
Uma vez, fui na festa do filho de um colega de trabalho do meu pai e, claro, corri pro bolão. Isso foi no comecinho dos anos 90, época em que eternizar as festas num VHS era moda no subúrbio. Era sempre assim: quando ficava pronta, a fita passava por todos os convidados que tinham vídeo-cassete e que, por isso, tinham o privilégio de assistir àquelas edições com efeitos fantásticos, em que gaivotas, cachoeiras e o Kenny G quase roubavam o brilho do aniversariante. Até que chegou a vez do meu pai levar a fita pra casa... Eu quis morrer quando vi. Na parte em que aparece o cara encostando o cigarro pra estourar o bolão (outro clássico), resolveram meter um slow motion e olha eu lá, em primeiro plano, toda cagada de farinha, descabelada, mas triunfante com meus brinquedos inúteis nas mãos.
Arabella, no próximo ano, peça brigadeiro, guaraná Pakera, contrate uma cortadora de bolo de sua confiança e, claro, não esqueça do bolão com farinha. Esse será o seu aniversário mais incrível de todos. Vá por mim.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Contra a maré

Pouco antes de eu aparecer no topo da escada rolante da estação Engenho de Dentro, uma mulher veio apressada, certa de que por ali ela desceria e chegaria à plataforma. Quando viu que estava no sentido oposto, ela deu um pulinho engraçado e foi na direção da certa. O susto dela me fez lembrar outra mulher que, certa vez, eu e a Thaisinha vimos num shopping. Saí da estação rindo sozinha lembrando daquele dia.
Foi assim: estávamos andando normalmente e assim que pegamos a escada rolante que nos levaria para o piso de baixo, surgiu uma mulher lá na outra ponta. Ela tentava a todo custo subir, só que como a escada funcionava no sentido contrário, não deu muito certo. E ela insistiu. E nada a fazia desistir daquilo. Acho que ela resolveu se entregar à vergonha e quis nem saber; enfiou na cabeça que ia subir por ali mesmo, de qualquer jeito. Não conseguiu, obviamente, e nós ficamos ali, meio atordoadas, assistindo àquela tentativa frustrada, constrangedora, sofrida. Nem Didi com o extintor consegue ser tão pastelão.
Demos mais uma volta no shopping, saímos em seguida, entramos num ônibus às gargalhadas, sentamos e em meio a comentários do tipo “nossa, que lerda aquela mulher da escada rolante, hein? Que vergonha!”, nos demos conta de que ela — não nos pergunte como — estava sentada um ou dois bancos atrás. Quer dizer, não basta ser pateta. Tem também que ser ridicularizada por uma gente desconhecida, ouvir tudo e sofrer calada no fundão de um 435 (Grajaú / Gávea) da vida.

domingo, 13 de julho de 2014

Maradona x Pelé


Tô aqui vendo uns vídeos com musiquinhas/provocações da torcida brasileira contra a da argentina. Algumas falam do Maradona dopado, Maradona cheirador... Daqui a pouco pinta uma deles falando do Pelé babaca que despreza filha doente, Pelé que tem filho preso e Pelé que acha normal operário morrer em obra de estádio e eu vou querer ver como é que vcs vão se virar. Vamos ficar sem resposta, gente! Foca nos nossos 5 títulos contra 2 deles que já tá de bom tamanho. Ah, aproveita e fala tb que "Avenida Brasil" é maior que "Chiquititas". Quer humilhação maior que essa?

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Minha avó, um taxista e o gato da foto

Minha avó pegou um táxi pra cá e quando chegou no portão, ligou pra minha casa e pediu pra eu aparecer no muro. O táxi parou, o vidro desceu e...
VÓ: olha quem tá aqui.
EU: quem é?
VÓ: não tá vendo? Olha que gato!
TAXISTA: hahahahaha
Ri constrangida e fui até o carro abrir a porta pra ela. Aí...
VÓ: veio ver de perto, é?
TAXISTA: hahahahaha
EU: VÓ!
TAXISTA: hahahahaha
VÓ: é um pão, não é? Não parece com aquele gato da foto que vc me mostrou outro dia?
TAXISTA: hahahahaha
Lição do dia: nunca, jamais, em hipótese nenhuma mostre pra sua avó a foto de alguém do seu interesse.
E, não. Definitivamente, o taxista não parecia o gato da foto.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pão


MÃE: Renata, fui na padaria hoje cedo e um homem veio na minha direção. Fiquei com medo de ele me assaltar.
EU: é mesmo, mãe?
MÃE: é. Até andei mais rápido.
EU: e você tava com alguma coisa de valor?
MÃE: tava com pão.

sábado, 5 de julho de 2014

É ou não é fantástico?


Teve um ano aí que o meu pai esqueceu do meu aniversário. O dia (um domingo) foi passando, todo mundo já tinha me dado parabéns, menos ele. Achei engraçado e não deixei que ninguém o lembrasse porque queria ver se passaria batido mesmo. Fiz isso também porque eu queria ter um motivo pra fazer um drama, uma chantagem emocional depois. Lembro até de ter me escondido pra atender às ligações longe dele (isso foi numa época em que telefonar ainda era um hábito). Sim, eu me prestei até a isso. À noite, ele sentou no sofá pra assistir ao Fantástico. Aí passou uma matéria sobre a festa do 4 de julho nos EUA... Ele deu um pulo, virou pra mim e disse: "ih, hoje é seu aniversário, né?". E foi assim que, graças ao Fantástico e à independência norte-americana, o meu pai não esqueceu do meu aniversário. Quer dizer, esqueceu, mas... Ah, vcs entenderam. Obrigada, Show da Vida! Obrigada, revista eletrônica semanal!