Tudo começou com um post sobre a simplicidade maravilhosa da festa de aniversário de Arabella, neta de Donald Trump. Ao que tudo indica, a mãe dela resolveu (ou é do tipo que curte) contrariar aquela necessidade quase desesperada que alguns pais têm de fazer do aniversário de um filho um superevento. Achei isso o máximo, principalmente por saber que, sendo neta de quem é, a menina poderia ter tido uma daquelas festas grandiosas, luxuosas e cafonas. Mas, não. A mãe dela não está nem aí pra essas bobagens. Sorte de Arabella.
Fiquei sabendo disso num grupo do Facebook em que eu e o meu amigo André fazemos parte. Foi o suficiente pra que nós lembrássemos das nossas inesquecíveis festinhas de subúrbio e do quanto elas, verdadeiramente, nos faziam felizes e nos fazem gargalhar hoje em dia.
Várias coisas marcaram os aniversários das crianças suburbanas dos anos 80 e 90. Uma delas é que a criança vencia na vida quando conseguia comemorar longe de casa. Eu alcancei essa graça nos meus 10 anos, quando comemorei no Tivoli Park. André, que na sua festa de 10 anos trocou de roupa 3 vezes (ele nasceu pra ser estrela), lembrou que fazer festinha no Mc Donald's era coisa pra poucos. Isso meio que elevava a criança à categoria de riquinha da vizinhança. Mas as festas que trazem as melhores recordações são aquelas que comemorávamos numa sala apertada ou num quintal com uma parede inacabada. Era cafona, era confuso, mas era bom. Nós, inclusive, chegamos à conclusão de que festa de subúrbio que se preza, tem sempre que contar com uma espécie de "cortadora" oficial de bolo. A dele era a Vitória. A minha era a Maria Helena, que era também quem preparava os bolos de 90% das crianças da minha rua.
O que eu mais amava em festas infantis era o bolão. Como sempre fui uma criança grande, daquelas que penavam pra achar a Sandalinha da Xuxa nas lojas, levava vantagem nesta que era a hora mais aguardada das festas. Não sei por que fazia tanta questão daquilo. A gente se matava pra levar pra casa um apito, uma língua de sogra e outras bobagens do tipo. Não faz sentido. Acho que valia pela diversão.
Uma vez, fui na festa do filho de um colega de trabalho do meu pai e, claro, corri pro bolão. Isso foi no comecinho dos anos 90, época em que eternizar as festas num VHS era moda no subúrbio. Era sempre assim: quando ficava pronta, a fita passava por todos os convidados que tinham vídeo-cassete e que, por isso, tinham o privilégio de assistir àquelas edições com efeitos fantásticos, em que gaivotas, cachoeiras e o Kenny G quase roubavam o brilho do aniversariante. Até que chegou a vez do meu pai levar a fita pra casa... Eu quis morrer quando vi. Na parte em que aparece o cara encostando o cigarro pra estourar o bolão (outro clássico), resolveram meter um slow motion e olha eu lá, em primeiro plano, toda cagada de farinha, descabelada, mas triunfante com meus brinquedos inúteis nas mãos.
Arabella, no próximo ano, peça brigadeiro, guaraná Pakera, contrate uma cortadora de bolo de sua confiança e, claro, não esqueça do bolão com farinha. Esse será o seu aniversário mais incrível de todos. Vá por mim.
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