A minha primeira experiência profissional foi num Rock in Rio. O ano era 2001 (aquele do Carlinhos Brown alvejado com garrafas), eu tinha 20 anos e aquela foi a minha primeira ida à Cidade do Rock. Não, eu não fiz um trabalho glamouroso. Fui para o quiosque de bebidas, mesmo. Foi ali que aprendi a tirar chope com uma destreza que, hoje, nem de longe eu tenho mais.
Lembro que com o avançar da noite, as pessoas vinham cada vez mais tortas trocar suas fichas por bebidas. Lembro dos incontáveis bêbados que pararam ali e propuseram que nós jogássemos tudo para o alto e nos perdêssemos no meio da multidão. Era engraçado. Uma atriz bem conhecida foi uma dessas pessoas. Ela parou e disse: “vamos ser felizes, gente! A vida é muito curta! A vida é uma só!”. Hilária. Mas só dava para dar um perdidinho no nosso chefe de quiosque nas idas ao banheiro, que se já demoravam por conta do tanto de gente que tinha ali dentro, demoravam um pouquinho mais porque a gente se permitia dançar uma música no meio do povo. Era divertido cometer essa infraçãozinha. Eu só tive coragem de fazer isso duas vezes e em ambas voltei cheia de culpa para o quiosque. Voltei quase pedindo para darem baixa na minha carteira profissional alegando justa causa, apesar de aquele nem ter sido um trabalho registrado em carteira.
O meu turno era o da noite e apesar de ter sido bem louco, foi bem legal também. No último minuto do último dia, o chefe do quiosque virou pra gente e disse algo como: “valeu, pessoal, vcs foram 10. Podem levar a bebida que vocês quiserem do quiosque”. Pra quê?! Jamais tirarei da cabeça a imagem de três mulheres se estapeando para levar garrafas… d’água. Tudo bem que água é um bem universal, sagrado e essencial à vida, mas sair no tapa pra levar meia dúzia de garrafinhas é um pouquinho demais, né, não? Mas tem aquele papo de que de graça até tapa na cara, de graça até ônibus errado, não tem? Vai ver elas se valeram disso aí.