segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Eu quero é, ó, gargalhar


Meus amigos mais chegados são engraçados. Muito engraçados. Minha família é engraçada e nem se dá conta disso. Eu me aproximo de quem me faz rir porque o meu barato é formar bando com gente palhaça. Cato coisas engraçadas no meu dia a dia. Rio das minhas desgraças. Já ri de quem nem achava tanta graça assim, mas como estava no pacote... Não curti e tratei de fugir disso. Acho que a minha sina é ser pobre pra sempre. Se for mesmo, que eu siga gargalhando até o último dos meus dias. Sem um puto no bolso, mas sem uma ruga na cara também. Uma língua pra chatice, pra caretice e pra mesmice. Um brinde ao deboche, à cumplicidade e à gargalhada sem culpa, sem compromisso e sem fim. É isso o que me interessa. 

Dito isso, pode vir, 2013!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Casinha


Até tenho vontade de ir a shows como este de hoje, mas sempre acabo desistindo. Por causa do calor? Da muvuca? Da ida e volta tumultuadas pra casa? Também. Mas o que mais me faz desistir é pensar na vontade louca de fazer xixi que sempre tenho em horas e locais inadequados. Pensar na possibilidade de não ter por onde nem pra onde correr na hora do aperto é o que mais me deixa em pânico. Ter um banheiro sempre ao alcance é pra mim quase tão vital quanto ter um copo d'água na hora da sede. É lógico que eu tô exagerando, mas é bem por aí.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mark Ruffalo pra viagem, por favor


Pronto. Lembrei que sou doida pelo Mark Ruffalo. Tô apaixonada de novo, gente! Como ele tem essa cara comum e não é exatamente gato, poderia muito bem ser o cara do banco, o taxista ou o entregador da farmácia. Poderia ser até o técnico da NET. Ah, se fosse o técnico da NET... Se fosse eu chamaria a assistência técnica pelo menos 2 vezes por semana! "Tá fora do ar de novo, meus queridos! Façam o favor de mandar o Ruffalo aqui pra casa que eu t̶ô̶ ̶l̶o̶u̶c̶a̶a̶a̶ pago pelo serviço e exijo qualidade."

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Todos querem Sarah Jessica Parker


É triste acordar e lembrar que pertenço a um mundo que já deu à Sarah Jessica Parker a chance de viver seus dias de musa desejada por 10 em cada 10 homens de Manhattan. Ok, beleza não é tudo, mas peralá, né, gente? Não sou musa nem no meu quarteirão, pô! Tá certo isso, universo?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Prato limpo


Quando eu era criança, a minha mãe ficava no meu pé porque eu comia muito pouco e era muito magra. "Tá na mesa!" era a senha que acionava o meu desespero. Todos terminavam de comer e eu ainda ficava lá por, pelo menos, mais uma hora e meia. 

Minhas refeições sempre terminavam do mesmo jeito: comida fria no prato, minha mãe gritando, eu chorando e pedindo pelo amor de Deus pra me livrar daquela tortura. Não que a comida dela fosse ruim. Sempre foi boa. Eu é que não curtia comer comida mesmo. 

Gostava só de Danoninho (que valia mais que um bifinho), Nescau e biscoito. Vivi anos à base de Sustagen e Biotônico Fontoura, mas nada adiantou. Era mal falada na família e tudo. 

31 anos se passaram e o que antes era tortura virou prazer. Pra felicidade dela, almoço e janto praticamente todos os dias. Continuo adorando Danoninho, Nescau e biscoito. A diferença é que não tenho mais 8 anos e sei exatamente o estrago que cada colherada de Danoninho faz no meu corpo. Hoje, ao me ver vestindo a roupa pra ir trabalhar, a torturadora de criancinhas virou e disse "tá bem gordinha, hein, Renata? Acho bom você dar uma maneirada...". Sabe o que é isso, gente? É a vida dando uma bela gargalhada na minha cara.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Shirley



Um pedido de informação na rua, quem diria (!), pode render. Ontem à noite, ao sair do Shopping Nova América, perguntei a dois seguranças pra que lado eu deveria ir pra pegar um ônibus pro Norte Shopping. Nenhum deles sabia. Resolvi, então, seguir com uma senhora que ouviu o papo e disse “tô indo pro ponto”

Saímos de lá juntas e conversando. Na verdade, ela aproveitou pra desabafar, pra dizer o quanto estava cansada do trabalho, daquele shopping sempre lotado (“isso parece uma prisão, menina!”) e que já tá de saco cheio desse calor insuportável. Shirley é o nome dela. 67, 68 anos, mais ou menos. Shirley que há 27 anos trabalha no almoxarifado da Thídel, que está aposentada há 8, mas que não consegue parar de trabalhar porque o chefe não deixa. “Eu já disse pra ele botar uma menina no meu lugar, mas ele não quer. Gosta muito do meu trabalho, sabe?”. Ela completou dizendo que estava louca pra chegar em casa, tomar uma cervejinha com as amigas e ir pro Parque de Madureira assistir ao show do Rodriguinho (ex-Travessos). Ela falou dele com tanta empolgação, que eu fingi achar o cara o máximo. Mandei até um “ele vai estar lá? Que bom!”. 

Shirley disse que desde que o marido morreu (há 3 anos) faz tudo o que tem vontade sem dar satisfação a ninguém. Garantiu que é feliz assim. Perguntei se tinha filhos e ela disse que tem uma. Cristiane, de 40 anos, foi morar em NY, quase não dá notícias e deixou aqui uma filha de 15 anos que ora mora com ela, ora com a outra avó. Nem pro enterro do pai Cristiane pôde vir. Shirley disse que não sabe o que ela faz lá, não sabe se casou, mas lamenta por ter certeza de que nunca mais verá a filha. Quando eu vi que ela tava ficando jururu, emocionada, voltei ao assunto “Rodriguinho”. Aí Shirley se animou de novo e lembrou que eu podia ter entrado em qualquer um daqueles ônibus, mas como ficou lá falando da vida, esqueceu de mim. Esperei o dela. Já no 261, ela lembrou que tinha esquecido de comprar a tinta do cabelo e que precisava lavar os tapetes de casa. Falou também que na laje de casa “bate um sol maneiro”. “Fico morena de praia!”

O ponto do Norte Shopping chegou. Nos despedimos com dois beijinhos, desci e ela seguiu nele. Foi tomar sua cervejinha com as amigas e assistir ao show do Rodriguinho. Foi ser feliz.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Autoxingamento


Se tem uma coisa que eu jamais entenderei é mulher que vira pro próprio filho e diz coisas como "ah, seu filho da puta, vc vai ver só!". Minha vizinha é dessas. 7h da manhã e lá tava ela chamando a filharada de filha da puta. Tecnicamente, a puta é ela, certo? Será que essa criatura não se deu conta? Vai ver ela não se importa com isso, né? Vai ver ela não abre mão de um bom palavrão e prefere extravasar a raiva. Sim, porque nada é melhor do que um palavrão encorpado, bonito, cheio de significados pra mandar recado e dar aquela aliviada. Ainda assim eu não entendo por que essas mães insistem no autoxingamento. Temos tantos outros palavrões incríveis...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Mili Jujuba


Eu, que durante anos enchi a boca pra dizer que não simpatizava com gatos, passei a morrer de amores depois que a Milena, há 10 meses, trouxe uma gatinha (filha dela) da casa do pai pra morar com a gente. Mili Jujuba –10 em cada 10 veterinários riem deste nome – tá cada dia mais linda e é o orgulho da tia-avó aqui. Mili Jujuba vai dar as suas voltinhas "na madruga" e me deixa preocupada quando me dá um perdido. 

Ontem à noite, ela quase me matou do coração ao aparecer passando mal. Certamente comeu chumbinho (ou coisa do gênero) em algum quintal vizinho. E lá fui eu, de madrugada, correr com ela pra uma emergência. Agora, Mili Jujuba tá lá internada e eu tô aqui com o coração apertado de dó e de saudade. Mal dormi, mas e daí? Saí de lá mostrando orgulhosa pras pessoas o minibook que tenho dela no celular, tal qual uma mãe coruja que não cansa de exibir o filho. 

Quem diria, hein, Renata?

sábado, 1 de dezembro de 2012

Amizade sincera


Quem foi que botou na cabeça das vendedoras de loja que é jogo pagar de BFF das clientes? Basta ser educada e atenciosa, gente! E quando elas resolvem nos encher de elogios, hein? Hoje mesmo eu entrei numa loja e fui atendida por Úrsula, a vendedora simpaticona do dia. Além de jurar que é minha amiga de infância, ela abusou nos elogios. Disse que sou linda, estilosa, que "nossa, a roupa caiu muuuito bem! Nossa, que corpo ótimo você tem! Tudo fica bem em você, né? Vem ver, fulana, como ela ficou linda!". Quer dizer, entrei Renata e saí Alessandra Ambrósio, né? Uma coisa é certa: saí de lá mais pobre, mas com a autoestima, ó, lá em cima.