Quando eu era criança, a minha mãe ficava no meu pé porque eu comia muito pouco e era muito magra. "Tá na mesa!" era a senha que acionava o meu desespero. Todos terminavam de comer e eu ainda ficava lá por, pelo menos, mais uma hora e meia.
Minhas refeições sempre terminavam do mesmo jeito: comida fria no prato, minha mãe gritando, eu chorando e pedindo pelo amor de Deus pra me livrar daquela tortura. Não que a comida dela fosse ruim. Sempre foi boa. Eu é que não curtia comer comida mesmo.
Gostava só de Danoninho (que valia mais que um bifinho), Nescau e biscoito. Vivi anos à base de Sustagen e Biotônico Fontoura, mas nada adiantou. Era mal falada na família e tudo.
31 anos se passaram e o que antes era tortura virou prazer. Pra felicidade dela, almoço e janto praticamente todos os dias. Continuo adorando Danoninho, Nescau e biscoito. A diferença é que não tenho mais 8 anos e sei exatamente o estrago que cada colherada de Danoninho faz no meu corpo. Hoje, ao me ver vestindo a roupa pra ir trabalhar, a torturadora de criancinhas virou e disse "tá bem gordinha, hein, Renata? Acho bom você dar uma maneirada...". Sabe o que é isso, gente? É a vida dando uma bela gargalhada na minha cara.
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