quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dona Yedda, a pândega


Minha avó gosta de chamar a atenção e fica de rabo de olho pra ver se tá agradando. Nem sempre tá, mas ela jura que tá. Vale de um tudo pra aparecer, mas ela usa basicamente 3 tipos de abordagem: diz que canta “Ronda” muito bem, conta piadas nível Louro José ou chega com um tabuleiro de empadão. 

A música ela jura que canta melhor do que a Marrom. A piada mais contada é a da notícia da morte da Neném (a irmã da Pepê). É sempre assim: ela se aproxima com cara de enterro e diz que a Neném morreu. Quando a pessoa finge ter acreditado e pergunta como foi que isso aconteceu, ela diz que Neném caiu do berço [sobe claque gargalhando]. O empadão é bom mesmo. O melhor que já comi em toda a minha vida. 

Se nós da família pedimos pra ela parar, a resposta é sempre a mesma: “mas as pessoas me acham divertida! Elas dizem ‘a senhora não é fácil, minha tia!’”. Todos. Ao longo de todos esses anos. Conhecidos ou desconhecidos, segundo ela, TODOS a chamam de “minha tia”. 

Esse é o roteiro de Yedda em salões de beleza, clínicas médicas, rodas de amigos dos familiares e qualquer outro lugar. Sempre tem um amigo que me diz “ah, Renata, mas sua avó é animada. Deixa ela!”. É, mas ninguém nunca precisou buscar a avó no salão de beleza e a encontrou cantando “Ronda” pra um monte de gente desconhecida e entediada. Não foi comigo. Foi com minha irmã. Mas poderia ter sido.

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