sexta-feira, 30 de maio de 2014

Espanta frio



Outono e inverno são as épocas do ano em que eu mais uso legging. É legging sob a calça jeans, legging sob o vestido longo, legging sob o macacão, legging sob a saia longa... Tudo isso pra evitar que eu morra de frio. Meia-calça, por mais grossa que seja, não aquece tão bem quanto uma legging. Pra ser franca, essas são as únicas épocas do ano em que uso legging. Nem lembro qual foi a última vez em que usei uma sem outra peça por cima. Acho que esse meu frio europeu em pleno Rio de Janeiro precisa ser estudado... É isso, gente. Quando me virem na rua, podem apontar e dizer: "olha lá! Lá vai Renata e sua legging espanta frio."

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O casamento de Maguinha


Minha mãe trabalhava numa empresa com uma moça chamada Magda (“Maguinha” para os íntimos). Maguinha marcou a data do seu casamento para um dia de 2005 e convidou minha mãe e toda a família.
No dia da cerimônia, tínhamos tb uma festa infantil para ir. Como queríamos apresentar a Milena, na época com 1 aninho, para a high society suburbana, minha irmã e eu resolvemos levá-la à festinha e combinamos de aparecer depois na comemoração do casamento da moça, que conhecíamos apenas pelo nome. Velinha apagada, bolo cortado. Pegamos um táxi e lá fomos nós celebrar o enlace de Maguinha. Paramos na porta do salão e ali mesmo, na entrada, já dava para ver a noiva de mangas bufantes recebendo os cumprimentos dos convidados. Lembro de ter olhado ao redor, assim que pus os pés no salão, na esperança de encontrar algum rosto familiar, que poderia ser do meu pai, da minha mãe ou de alguma amiga dela que eu conhecesse além do nome. Nada. Estávamos numa festa estranha, com gente estranha. Não tínhamos outra escolha; o jeito era seguir o protocolo. Entramos, cheias de sorrisos, na fila dos cumprimentos, passamos pelo noivo e chegamos até a tal Maguinha, que não disfarçou a surpresa/espanto com a presença daquela gente desconhecida.
Eu e Daniele nos apresentamos como “as filhas da Fátima, a Fatinha do seu trabalho”. Maguinha fez uma cara de espanto ainda maior. Minha irmã ainda insistiu. Virou a Milena pra ela e disse: “esta aqui é a Milena, netinha dela”, certa de que a filha era o assunto preferido da minha mãe no trabalho e de que a mulher ligaria imediatamente o nome à pessoa. Constrangida, a noiva agradeceu os parabéns, mas disse o que a gente não esperava ouvir: “obrigada, mas acho que tem algum engano… A Fátima que eu conheço só tem 8 anos!” e apontou pra menina parada à nossa direita. JU-RO! Fizemos a proeza de chegar ao endereço certo, mas de entrar no salão errado. A festa do casamento de Maguinha, a verdadeira, rolava no salão de trás. O espaço era grande e duas festas aconteciam simultaneamente. Nós nos desculpamos da noiva, do noivo, da pequena plateia que testemunhou a nossa gafe e fomos dar parabéns para a Maguinha certa.
O mais surpreendente disso tudo nem foi o fato de termos cumprimentado a noiva errada. Foi ter descoberto que, em pleno ano 2005, existia uma criança chamada Fátima. Fátima que, provavelmente, é a irmã mais velha das gêmeas Marlene e Mafalda e da bebê Sueli. Belos nomes, sem dúvida, mas eu, pelo menos, não conheço hoje uma Fátima, uma Marlene, uma Mafalda ou uma Sueli com menos de 50 anos. De bom mesmo, só a alegria de ver que Maguinha, ao contrário da moça do outro salão, tinha tido mais bom gosto na hora de escolher o vestido de noiva.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A pior dor do mundo


Nenhuma dor é tão insuportável, tão desesperadora, tão golpe baixo quanto a provocada pela batida de um carrinho de supermercado no calcanhar. Nem a do parto. Nem a de um chute no saco. Nunca pari. Não tenho saco (literalmente). Mas não tenho dúvida disso.

Dia das Mães

Acabo de voltar da apresentação de Dia das Mães da escola da Milena. Fui de besta, né, mas fui lá pra ver a minha irmã chorar. Um clássico já. E o que aconteceu? Chorei com o Maternal, chorei com o Jardim I, aplaudi a coragem do destemido menino do Jardim II, que resolveu fazer um protesto solitário e silencioso tapando ouvidos e fechando olhos simplesmente porque estava odiando fazer parte daquilo tudo. Bocejei com a turma do 1º ano, bocejei com a do 2º, gargalhei com a do 3º, que tinha uma gordinha esforçada, mas que não acertava uma palma (ela só batia nos intervalos). Cantei "Quando te vi" em falsete. Odiei a menina exagerada do 4º ano, que tava ali certa de que aquela era uma apresentação da companhia de balé Bolshoi. Por fim, morri de amor pela menina do 5º ano, que se perdeu na leitura da música (A whole new world) e nunca mais conseguiu voltar, mas tava lá, feliz da vida olhando pra mãe com um sorrisão no rosto. A menina do sorrisão é essa que mora aqui em casa.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Show de samba


Hoje cedo, no trem, um casal compartilhava mágoas do último Carnaval. "Eu acompanhei de perto todos os problemas do barracão" e "a bandeira da escola pesa, né?", disse ela. "A Velha Guarda tava me enchendo o saco", "os carros entraram todos apagados" e "aquele gerente de Carnaval não presta!", disse ele. E eu ali no meio, com minha pose de estátua viva da Praça Saens Pena, mas ligada em tudo o que eles diziam. 

Esse papo de Carnaval me lembrou uma das mais maravilhosas, estranhas e absurdas histórias de trem que eu já ouvi. Pra falar a verdade, nem foi uma exclusividade minha, já que o cara falava aos berros no celular. Lembro que ele estava fechando com alguém um show de samba para gringos e, entre outras coisas, negociava o número de passistas no palco. Ele dizia: "6 mulatas, não! O palco é pequeno, cara! Só dá pra botar 4. Eu sei o que tô falando, pô! Não cabe! Mas, ó, tem que ter pelo menos uma preta. Se tiver como, bota mais de uma. Não manda só mulata, não, hein? Mas tem que ser bem preta mesmo, quase azul." Quer dizer, se eu resolvesse largar tudo pra investir na carreira de passista, ainda teria que batalhar uma cota pra mulatas. Só assim eu não correria o risco de perder a minha vaga pra uma passista mais preta do que eu e que, pelo visto, anda muito mais valorizada no showbiz.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Imagina?

PAI: Fátima, hahahaha você consegue hahaha imaginar hahahaha a Renata hahahaha grávida? haahaha
MÃE: hahahahahahahahhahahahaha