Minha mãe trabalhava numa empresa com uma moça chamada Magda (“Maguinha” para os íntimos). Maguinha marcou a data do seu casamento para um dia de 2005 e convidou minha mãe e toda a família.
No dia da cerimônia, tínhamos tb uma festa infantil para ir. Como queríamos apresentar a Milena, na época com 1 aninho, para a high society suburbana, minha irmã e eu resolvemos levá-la à festinha e combinamos de aparecer depois na comemoração do casamento da moça, que conhecíamos apenas pelo nome. Velinha apagada, bolo cortado. Pegamos um táxi e lá fomos nós celebrar o enlace de Maguinha. Paramos na porta do salão e ali mesmo, na entrada, já dava para ver a noiva de mangas bufantes recebendo os cumprimentos dos convidados. Lembro de ter olhado ao redor, assim que pus os pés no salão, na esperança de encontrar algum rosto familiar, que poderia ser do meu pai, da minha mãe ou de alguma amiga dela que eu conhecesse além do nome. Nada. Estávamos numa festa estranha, com gente estranha. Não tínhamos outra escolha; o jeito era seguir o protocolo. Entramos, cheias de sorrisos, na fila dos cumprimentos, passamos pelo noivo e chegamos até a tal Maguinha, que não disfarçou a surpresa/espanto com a presença daquela gente desconhecida.
Eu e Daniele nos apresentamos como “as filhas da Fátima, a Fatinha do seu trabalho”. Maguinha fez uma cara de espanto ainda maior. Minha irmã ainda insistiu. Virou a Milena pra ela e disse: “esta aqui é a Milena, netinha dela”, certa de que a filha era o assunto preferido da minha mãe no trabalho e de que a mulher ligaria imediatamente o nome à pessoa. Constrangida, a noiva agradeceu os parabéns, mas disse o que a gente não esperava ouvir: “obrigada, mas acho que tem algum engano… A Fátima que eu conheço só tem 8 anos!” e apontou pra menina parada à nossa direita. JU-RO! Fizemos a proeza de chegar ao endereço certo, mas de entrar no salão errado. A festa do casamento de Maguinha, a verdadeira, rolava no salão de trás. O espaço era grande e duas festas aconteciam simultaneamente. Nós nos desculpamos da noiva, do noivo, da pequena plateia que testemunhou a nossa gafe e fomos dar parabéns para a Maguinha certa.
O mais surpreendente disso tudo nem foi o fato de termos cumprimentado a noiva errada. Foi ter descoberto que, em pleno ano 2005, existia uma criança chamada Fátima. Fátima que, provavelmente, é a irmã mais velha das gêmeas Marlene e Mafalda e da bebê Sueli. Belos nomes, sem dúvida, mas eu, pelo menos, não conheço hoje uma Fátima, uma Marlene, uma Mafalda ou uma Sueli com menos de 50 anos. De bom mesmo, só a alegria de ver que Maguinha, ao contrário da moça do outro salão, tinha tido mais bom gosto na hora de escolher o vestido de noiva.
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