Não é exagero. Todo santo dia, um pequeno acidente acontece no quintal ao lado. Minha vizinha vive aos berros e para o meu espanto, nunca fica rouca. Moram com ela o marido, quatro filhas e um filho. As meninas são escandalosas como a mãe, dramáticas e choram por tudo. A caçula, que deve ter pouco mais de dois anos, tem um vocabulário surpreendente para uma criança dessa idade. Ela é esperta e dá várias voltas nas irmãs.
Sempre que alguma coisa quebra lá dentro, a mãe faz o favor de lamentar, em voz alta, o prejuízo da vez. Já rolou de tudo: "ai, a minha televisão!"; "eu não tô acreditando que vcs derrubaram a geladeira!"; "que barulho foi esse aí, garotas?!"; "a estante vai virar na cabeça de vcs!"; "Meu Deus do céu, vcs quebraram a janela! Não pisa nos caaacos!"; "olha aí o que você fez com a sua irmã!"; "bem feito! Eu avisei! Se botar o dedo no fogão de novo, vai levar outro choque".
A caçula é malandra. Ela está sempre envolvida nos acidentes da casa. Quando não é a autora do pequeno delito, é cúmplice. Muitas vezes é vítima. Ontem, por exemplo, ela estava chorando aquele choro que começa estridente, fica mudo por uns 10 segundos e volta mais estridente ainda. A mãe correu, o meu coração veio na boca e a irmã disse: "ela bateu a cabeça no chão." Uns minutos depois, a menina já estava ótima, correndo pra lá e pra cá, dando gargalhada, enchendo o saco do cachorro e cheia de disposição pra quebrar o que ainda resta na casa.
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