sexta-feira, 26 de junho de 2015

Hora do recreio


Um dos maiores vexames da minha vida e que, só de lembrar, ainda dá uma dorzinha no peito, aconteceu quando eu estava na terceira série. Era o meu primeiro dia de aula no colégio novo e eu, muito tímida, não fui capaz de arrumar uma amiguinha logo de cara. Não tive escolha: fui para o recreio sozinha. Peguei meu Mirabel e meu Toddynho e sentei no cantinho para comover ninguém com a minha solidão. 

Perto de mim, animadas, duas meninas conversavam. Fiquei ligadíssima no papo delas, até que, entre um mirabel e outro, eu me distraí, perdi o meio da história e sem pensar duas vezes, disse pra elas o que qualquer pessoa com o mínimo de bom senso jamais diria: "o quê?!". Disse isso como se eu fizesse parte da rodinha. Elas olharam pra mim com cara de "quem é você?! Se enxerga, garota! You can't sit with us!". Humilhada, eu devolvi um olhar de "Deixa pra lá. Segue o jogo". Foi triste. Muito triste.

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