Sofro bullying por dois motivos: por usar gírias e expressões idosas e por ser absurdamente friorenta.
Sempre substituo o tão usado "galera", que eu tenho pavor, por "gente" e "pessoal", que nem são termos tão velhos assim, vamos combinar. Podia ser pior. Eu podia ser do tipo que diz "moçada". Sou constantemente atacada por ter no vocabulário palavras como "gaiato" e " bacana", por exemplo. Bom, mas reconheço que fiquei preocupada no dia em que cogitei escrever "falou e disse". "Falou e disse" não dá, né? Falta-me frescor! Falta-me vocabulário jovial!
Mas tudo isso é fichinha perto da perseguição que sofro por ser friorenta numa cidade quente como o Rio de Janeiro. Ou vocês acham que é moleza ser motivo de chacota (olha aí mais uma palavra velha) por usar legging sob a calça jeans, o vestido longo e a saia idem pra não sofrer tanto nas salas de aula e de trabalho frias que frequento? Ir ao banco sem casaco? Nem pensar! Não posso! Não dá! E o pior: morro de vergonha de andar agasalhada na rua. Arregaço as mangas pra fingir que saí de casaco de casa e o sol me pegou desprevenida no meio do caminho, de modo que vou ter de ficar o dia inteiro sofrendo de calor porque não tô usando nada por baixo. Tudo mentira! A verdade é que não vejo a hora de esticar logo as mangas e me proteger de um frio que só existe pra mim. Acho até que me transformo num ponto de referência por conta disso. "Tá vendo aquela doida de casaco ali à direita? Tem uma farmácia logo ali".
O frio me desconcentra, me desorienta, me deixa louca. Sou alguém que está sempre e desesperadamente buscando um lugar ao sol... no sentido mais literal da expressão.
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