domingo, 9 de agosto de 2015

Compra de mês


Todos os dias, Ana faz o mesmo percurso rumo à faculdade: sai cedinho de casa, passa pela banca de jornal, cumprimenta Seu Alfredo, o jornaleiro, caminha cerca de quinze minutos até o ponto de ônibus mais próximo e espera outros quinze até que o coletivo passe e a leve para a aula. Todos os dias são assim. Todos, exceto aquele dia. Exceto aquela quinta-feira.

Além de ter dormido mais do que a cama, levantado às pressas e engolido o café para ver se despertava de uma vez, Ana ainda perdeu o ônibus que acabou passando pelo ponto no exato minuto em que chegou, já sem fôlego, a ele. Não teve escolha. Ela teve de esperar mais alguns minutos pela condução seguinte.

O ônibus apareceu no horizonte, Ana fez sinal e, exausta, acomodou-se no único assento vazio que restava. Sentiu até um certo prazer de saber que, apesar de o dia ter começado mais corrido que o de costume, poderia aproveitar aquela meia hora de viagem tirando um cochilo.

No ponto seguinte, entraram seis passageiros: um casal, três adolescentes barulhentos e a Dona Emília, uma dona de casa de 70 e poucos anos que, naquela viagem, foi a colega de assento de Ana.

Um carro quase bateu na traseira do veículo, freou bruscamente, seguiu costurando o trânsito e todos os passageiros se assustaram. Ana resolveu, então, puxar papo com a sua colega de assento. Um papo tão relevante quanto aqueles típicos de elevador e de sala de espera de consultório médico, que a gente puxa por puxar, sem pensar muito nas consequências, e se arrepende no mesmo segundo.

Para ler a continuação do conto, clique aqui.

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