sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Choque de gerações



MILA: Tia, quando você era criança, o que você fazia pra assistir filme?
EU: Eu via na televisão ou no cinema.
MILA: Ah...
EU: Não tinha como ver do computador.
MILA: Eu sei.
EU: Ah, a gente também pegava na videolocadora.
MILA: O que é isso?
EU: Hahhahahaha
MILA: Ué, tá rindo de quê? Eu não sou da sua época!

PÁ! CRAAAASH! POW!

Não sou da sua época

Listas 20 minutos  FB

MILA: Tia, quando você era criança, o que você fazia pra assistir filme?
EU: Eu via na televisão ou no cinema.
MILA: Ah...
EU: Não tinha como ver do computador.
MILA: Eu sei.
EU: Ah, a gente também pegava na videolocadora.
MILA: O que é isso?
EU: Hahhahahaha
MILA: Ué, tá rindo de quê? Eu não sou da sua época!

PÁ! CRAAAASH! POW!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Teste ergométrico

EXRX FB
O que eu pensei durante o teste ergométrico: "legal, até que tô aguentando bem. Tô melhor do que eu imaginava. Tô aqui há... o quê? 5 minutos, mais ou menos? É, deve ser isso. Bacana. Bom, agora acho que já tá bom. Vou parar antes que eu caia da esteira. Tô exausta".
O que eu ouvi do cara que me monitorou durante o teste ergométrico: "já?! Você está há muito tempo parada, né?"

Mal sabe ele que a última vez que eu me exercitei sério foi nas aulas de educação física... da oitava série.

Te pego na curva

Photobucket: http://goo.gl/C9SX98  FB

Num boteco perto da minha casa, sentadas à mesa, três senhorinhas conversavam. No centro, uma garrafa de Skol. Na direção de cada uma delas, um copo devidamente abastecido. Duas delas estavam de costas para mim. A que estava sentada de frente, cujo rosto eu podia ver, gesticulava muito. Era exagerada de um jeito maravilhoso. Quanto mais eu me aproximava, mais largos os seus movimentos pareciam ser.

Passei pelo trio e tudo o que eu fui capaz de ouvir foi o seguinte: “se ela passasse por aqui agora, eu caía no pau com ela”. A vontade que deu foi de fingir que meu tênis tinha desamarrado. Eu só precisava de um bom motivo que justificasse uma parada repentina e estratégica ali, perto delas, mas, lamentavelmente, nem de tênis eu estava. Desolada, segui meu caminho sem saber o motivo daquela indignação toda e que a cervejinha, certamente, ajudou a botar para fora.
Ouvi uma frase fora de seu contexto e que sugere inúmeras interpretações. Também não sei quem será a receptora da porrada. Wanda? Dalva? Marlene? Odete? Jamais saberei seu nome. Não sei idade, estado civil, que tipo de relação tem com a senhorinha indignada, onde mora, do que vive, nada. Só sei que é uma mulher.
Depois de anos dedicados à prática de ouvir histórias de desconhecidos na rua, poucas vezes eu fiquei tão frustrada por não saber quem são os envolvidos e por que viraram assunto de alguém. Aprimorei técnicas, testei os limites da minha audição, desenvolvi formas de contar as histórias, mas, desta vez, nada disso teve serventia.
A fim de acalmar o meu coração, peço que me enviem relatos de mulheres que, nas próximas semanas, forem pegas na curva. Tenho muitas perguntas para fazer a quem cair no pau com uma senhorinha braba, gordinha, de óculos, cabelo acaju, movimentos largos e que curte tomar uma Skol com as amigas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sala de espera


Minha mãe foi hoje ao médico e enquanto aguardava para ser atendida, passou o tempo conversando com uma mulher. Elas ficaram ali, batendo aquele papo furado típico de sala de espera de consultório em que ninguém diz nada muito produtivo. Pouco depois, o médico anunciou um paciente de nome José. Silêncio. Chamou novamente. Outro silêncio. Como muitos idosos estavam lá, minha mãe deu uma força e também chamou pelo José. Nada. Na terceira e última vez em que foi chamado, José, enfim, se manifestou. Era a mulher com quem a minha mãe estava conversando o tempo todo, que se justificou: “não consigo me acostumar a ser chamada assim!”. Minha mãe riu. Os velhinhos da sala de espera riram. O médico riu. José gargalhou.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Fome x preguiça


Eu estava deitada vendo uma série, no Netflix, quando a fome bateu violentamente. Perdi 5 minutinhos tentando decidir se ela era ou não maior do que a preguiça de levantar, ter o trabalho de preparar um lanche, lavar a louça e escovar os dentes em seguida. A fome era maior do que a preguiça. Eu estava disposta a encarar tudo isso, de fazer todos os sacrifícios necessários para saciar a minha vontade louca de comer alguma coisa.

Levantei e motivada apenas por aquela fome absurda, fui me rastejando até a cozinha. Preparei um lanche e voltei para o quarto. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Ajoelhei na cama e mirei o meu Everest: a cabeceira. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Calculei cada movimento e, pouco a pouco, consegui chegar ao meu destino sem acidentes no percurso, um feito incrível para mim, que sou desajeitada de um jeito quase ofensivo.
Virei meu corpo num ângulo de 180º, sentei e, sei lá por que razão, achei que seria capaz de me deitar naquelas condições. Era a preguiça dando as caras. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Ergui as mãos, deitei o corpo, esqueci o copo e… tomei um banho de iogurte. Fiquei mais melada do que a Xuxa no comercial do Monange. Levantei puta da vida, me xinguei de tudo quanto foi nome, perdi a fome, deixei o sanduíche na geladeira, pus o copo vazio na pia e tive que encarar a insana tarefa de limpar o colchão. Desisti da série do Netflix. Desisti do lanche. E concluí: mais vale dormir com fome do que ser desafiada a testar todos os limites da preguiça num dia de cama e Netflix.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Cinderela em Madureira




Fotos do blog “É da sua época?”    FB

Quem foi criança ou pré-adolescente no começo dos anos 90, provavelmente lembra do Glamour Photo Studio. Não sei se esse estúdio ainda existe. Só sei que por aqui virou febre nos primeiros anos daquela década. Também não sei dizer se, no Rio, foi um fenômeno exclusivo do subúrbio ou se também fez sucesso do outro lado do túnel.
Acompanhadas de seus responsáveis, meninas de 10 a 15 anos, mais ou menos, iam ter um dia de modelo. Eu fui uma delas. Minha irmã também. Fomos na filial de Madureira e lembro direitinho do tanto de gente que, sabe lá Deus como, cabia naquela sala minúscula, quente e sem um ar condicionado suficientemente capaz de refrescar todo mundo. Apesar disso, topávamos passar por aquele aperto porque, embora fosse a expressão maior da cafonice, o álbum do Glamour Photo Studio era a sensação da vez. Era sucesso absoluto entre as meninas, mas mulheres de todas as idades também faziam os seus books. A minha avó, inclusive.

A produção era caprichada. Fazíamos fotos com vários tipos de adereços: muitos lenços, muitas plumas, muitas bijuterias, maquiagem carregada e, no cabelo, laquê, muito laquê. Uma coisa meio “Ru Paul’s Drag Race” do subúrbio carioca. Quem poderia imaginar que eu, uma menina adepta do combo coque, gel e tiara me acharia bonita com cabelo supervolumoso? Pois me achei. Aquela produção elevou tanto a minha autoestima, que topei fazer carões de estrela de cinema europeu em pleno verão carioca. Eu era praticamente a Audrey Hepburn da Estrada do Portela.

Fizemos as fotos e fomos embora. Do dia da sessão até o da entrega do álbum, passei por uma espera sem fim. Lembro bem da minha agonia para ver logo o resultado daquele meu dia de estúdio.
O book era formado por cerca de 10 fotos de vários tamanhos e uma delas, sei lá por que a pior, vinha numa cartelinha, em tamanho 3x4, para que a gente pudesse destacar e presentear pessoas especiais. Crianças da minha época enfeitavam as carteiras de pais, avós, tios e padrinhos que, orgulhosos, gostavam de exibi-las por aí. Sou de uma geração anterior a das crianças em ímãs de geladeira. Bom, quem teve a honra de receber o mimo está livre para me chantagear do jeito que quiser. Um tio, inclusive, já fez isso. Ele me mandou a tal foto por WhatsApp e eu quis morrer na hora.

Hoje, resolvi ir à caça do meu inesquecível e desastroso book fotográfico. Achei e fiquei um tempão rindo de toda aquela cafonice e do meu cabelo estrategicamente penteado de modo que eu me transformasse numa Farrah Fawcett de baixo orçamento. O álbum voltará para o armário e, se depender de mim, será mantido em cativeiro por toda a eternidade. Quem viu, viu. Quem não viu, deve se contentar com esta abaixo, que reproduz fielmente toda uma atmosfera praiana. J.R. Duran jamais será capaz de conseguir o belíssimo efeito desta luz impecável.
Acredite. É a melhor foto do meu fantástico ensaio. Se ela não for suficientemente vergonhosa, negocie outra com algum parente meu, no mercado negro. É a sua chance, amigo leitor, de também me chantagear enquanto eu viver.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O dia em que baixei o Freeletics

Tomei uma decisão muito importante: resolvi baixar um aplicativo de exercícios físicos que prometia me deixar em boa forma. Baixei, arrastei os móveis da sala e lá fui eu, sem aquecimento e com uma surpreendente disposição, tentar dar fim ao meu sedentarismo vergonhoso. Estava a fim também de sentir novamente o frescor da juventude. Aos 35 anos — começo o ano já dizendo a idade que farei apenas em julho — , se eu não começar a me mexer, a coisa vai ficar bem feia para o meu lado.
Fiz os exercícios propostos — segundo o app, os mais leves — , e agora estou aqui, travada, incapaz de erguer o controle remoto. Tudo dói. É isso o que acontece com gente que, assim como eu, só está acostumada a correr atrás de ônibus e de promoção relâmpago no supermercado.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A saia amarrotada


Abri o guarda-roupa e peguei a saia mais relegada de todas, aquela que para usar é preciso passar a ferro, coisa que eu costumo me negar a fazer por ser contra os meus princípios. Peguei. Passei. Passei uma, passei duas, passei três vezes. Não ficou muito bom, mas dava para ir à rua com ela sem perder a dignidade.

Saí de casa. Entrei no BRT que, para variar, estava lotado. Mal tinha espaço para entrar, mas provei que, pelo menos para mim, o impossível não existe. Fui amassada por todos os lados, servi de apoio a uma moça baixinha que, na impossibilidade de alcançar o ferro do alto para se equilibrar, agarrou no meu braço mesmo. Já eu segui viagem abraçada aos meus colegas de coletivo. Vivi ali, naqueles 40 minutinhos, o horror da intimidade forçada com desconhecidos. Só quem depende de transporte público sabe do que eu tô falando.
Cheguei, há pouco, na Alvorada. A minha saia? Bom, estou evitando olhar para ela, mas na última vez que bateu a coragem, tive a impressão de que ela está mais amarrotada do que na hora em que eu a peguei no guarda-roupa. Perdi a dignidade.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A majestade, o sabiá

Agora há pouco, sentado num bar, um homem cantarolava "A majestade, o sabiá" assim, deste jeitinho:
"Aaaah, aaah, aaaaaaah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede e uma sogra pra pintar."

Juro. Imediatamente agradeci a Deus pelo privilégio de ouvir essa versão maravilhosa assim, em primeira mão. E concluí: em algum lugar do universo, Dicró não sabe se ri ou se chora.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Íma de geladeira


Agora que já estamos no primeiro dia de 2016, acho que está mais do que na hora de vc descolar da geladeira aquele ímã-calendário estacionado pra sempre em maio de 2012, não tá, não? Não me obrigue a ir até a sua casa só para arrancar aquelas folhinhas de lá, hein? Olha só que notícia maravilhosa: o carro do gás, a farmácia e aquela pizzaria véia da esquina da sua rua têm ímãs atualizadíssimos para te dar. Tenho pra mim que as energias não fluem como deveriam fluir na sua vida por causa desses ímãs ultrapassados. Vambora fazer um feng shui nessa sua geladeira? Bora? Então, tá.