quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Cinderela em Madureira




Fotos do blog “É da sua época?”    FB

Quem foi criança ou pré-adolescente no começo dos anos 90, provavelmente lembra do Glamour Photo Studio. Não sei se esse estúdio ainda existe. Só sei que por aqui virou febre nos primeiros anos daquela década. Também não sei dizer se, no Rio, foi um fenômeno exclusivo do subúrbio ou se também fez sucesso do outro lado do túnel.
Acompanhadas de seus responsáveis, meninas de 10 a 15 anos, mais ou menos, iam ter um dia de modelo. Eu fui uma delas. Minha irmã também. Fomos na filial de Madureira e lembro direitinho do tanto de gente que, sabe lá Deus como, cabia naquela sala minúscula, quente e sem um ar condicionado suficientemente capaz de refrescar todo mundo. Apesar disso, topávamos passar por aquele aperto porque, embora fosse a expressão maior da cafonice, o álbum do Glamour Photo Studio era a sensação da vez. Era sucesso absoluto entre as meninas, mas mulheres de todas as idades também faziam os seus books. A minha avó, inclusive.

A produção era caprichada. Fazíamos fotos com vários tipos de adereços: muitos lenços, muitas plumas, muitas bijuterias, maquiagem carregada e, no cabelo, laquê, muito laquê. Uma coisa meio “Ru Paul’s Drag Race” do subúrbio carioca. Quem poderia imaginar que eu, uma menina adepta do combo coque, gel e tiara me acharia bonita com cabelo supervolumoso? Pois me achei. Aquela produção elevou tanto a minha autoestima, que topei fazer carões de estrela de cinema europeu em pleno verão carioca. Eu era praticamente a Audrey Hepburn da Estrada do Portela.

Fizemos as fotos e fomos embora. Do dia da sessão até o da entrega do álbum, passei por uma espera sem fim. Lembro bem da minha agonia para ver logo o resultado daquele meu dia de estúdio.
O book era formado por cerca de 10 fotos de vários tamanhos e uma delas, sei lá por que a pior, vinha numa cartelinha, em tamanho 3x4, para que a gente pudesse destacar e presentear pessoas especiais. Crianças da minha época enfeitavam as carteiras de pais, avós, tios e padrinhos que, orgulhosos, gostavam de exibi-las por aí. Sou de uma geração anterior a das crianças em ímãs de geladeira. Bom, quem teve a honra de receber o mimo está livre para me chantagear do jeito que quiser. Um tio, inclusive, já fez isso. Ele me mandou a tal foto por WhatsApp e eu quis morrer na hora.

Hoje, resolvi ir à caça do meu inesquecível e desastroso book fotográfico. Achei e fiquei um tempão rindo de toda aquela cafonice e do meu cabelo estrategicamente penteado de modo que eu me transformasse numa Farrah Fawcett de baixo orçamento. O álbum voltará para o armário e, se depender de mim, será mantido em cativeiro por toda a eternidade. Quem viu, viu. Quem não viu, deve se contentar com esta abaixo, que reproduz fielmente toda uma atmosfera praiana. J.R. Duran jamais será capaz de conseguir o belíssimo efeito desta luz impecável.
Acredite. É a melhor foto do meu fantástico ensaio. Se ela não for suficientemente vergonhosa, negocie outra com algum parente meu, no mercado negro. É a sua chance, amigo leitor, de também me chantagear enquanto eu viver.

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