Eu estava deitada vendo uma série, no Netflix, quando a fome bateu violentamente. Perdi 5 minutinhos tentando decidir se ela era ou não maior do que a preguiça de levantar, ter o trabalho de preparar um lanche, lavar a louça e escovar os dentes em seguida. A fome era maior do que a preguiça. Eu estava disposta a encarar tudo isso, de fazer todos os sacrifícios necessários para saciar a minha vontade louca de comer alguma coisa.
Levantei e motivada apenas por aquela fome absurda, fui me rastejando até a cozinha. Preparei um lanche e voltei para o quarto. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Ajoelhei na cama e mirei o meu Everest: a cabeceira. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Calculei cada movimento e, pouco a pouco, consegui chegar ao meu destino sem acidentes no percurso, um feito incrível para mim, que sou desajeitada de um jeito quase ofensivo.
Virei meu corpo num ângulo de 180º, sentei e, sei lá por que razão, achei que seria capaz de me deitar naquelas condições. Era a preguiça dando as caras. Numa mão, um copo com iogurte. Na outra, um sanduíche. Ergui as mãos, deitei o corpo, esqueci o copo e… tomei um banho de iogurte. Fiquei mais melada do que a Xuxa no comercial do Monange. Levantei puta da vida, me xinguei de tudo quanto foi nome, perdi a fome, deixei o sanduíche na geladeira, pus o copo vazio na pia e tive que encarar a insana tarefa de limpar o colchão. Desisti da série do Netflix. Desisti do lanche. E concluí: mais vale dormir com fome do que ser desafiada a testar todos os limites da preguiça num dia de cama e Netflix.
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