Minha mãe foi ao médico e na volta pra casa deu um pulo no Guanabara que tem ali, no Valqueire. Comprou um frango e outras coisas que mal enchiam duas sacolas. Saiu do supermercado, entrou no ônibus, sentou num banco e como numa das sacolas tinha o frango congelado, resolveu colocá-las no chão, entre as pernas.
O ponto de casa chegou, ela puxou a cordinha, desceu e, já na rua, se deu conta de que tinha esquecido as sacolas no ônibus. Não sei como isso foi possível. Só sei que aconteceu. Se bem que eu conheço uma história ainda mais surpreendente do que essa... Certa vez, um conhecido foi ao supermercado de carro, fez as compras, saiu de lá, entrou num ônibus e no caminho de volta, com as sacolas no chão e os braços erguidos segurando os ferros superiores, concluiu: "eu não vim assim...". Acontece.
Antes que o ônibus arrancasse, minha mãe bateu na lataria, disse ao motorista que tinha esquecido uma coisa e entrou correndo atrás das compras. E o que ela viu? Viu uma mulher botando as sacolas dentro da própria bolsa. Pega em flagrante, a mulher disse que "estava guardando pra devolver depois", um exemplo clássico de desculpa esfarrapada de quem precisa de um caô bom pra justificar o injustificável, mas não tem tempo suficiente pra elaborar uma desculpa convincente. Se o ônibus já tivesse arrancado, vá lá! A gente até se esforçaria pra tentar entender. Mas, não. Minha mãe tinha acabado de descer.
Ela chegou em casa rindo e dizendo que tinha uma coisa muito engraçada pra me contar. E salientou: "R$33 nessas compras e a outra ainda queria levar meu frango? Mas não ia mesmo!". Rimos juntas, ela disse que o ônibus em peso riu e eu dei graças a Deus por não ter assistido à cena.
Agora tô aqui pensando... Uma hora dessas, se bobear, tem alguém contando essa mesma história, só que na versão do desconhecido passageiro, minha mãe é a doida que peitou a ladra de frango congelado. Pensando bem, não é uma versão muito diferente da minha, não.
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