Um homem entrou no BRT com os amigos, viu todos se sentarem, menos ele. Pensou que não tinha mais lugar e foi para o cantinho dos desolados, que é uma espécie de prêmio de consolação para os passageiros que não conseguem um assento, mas podem garantir um pouquinho de sossego lá no fundão, longe da muvuca. Mas tinha um lugar! Tinha, sim! Só um, mas tinha! Os amigos gritaram “olha ali, Zé Maria!” e Zé Maria, mais que depressa, deu um salto lindo, um perfeito duplo carpado esticado. Eu quase pude ouvir o “Brasileirinho” ao fundo.
E Zé Maria sentou. E o ônibus todo vibrou. E o ônibus todo riu um bocado porque o salto de Zé Maria foi acrobático, foi preciso, mas foi engraçado também. Mas não era o dia de sorte de Zé Maria… O assento era preferencial. E lá foi Zé Maria ceder o seu lugar para a idosa que entrou no ônibus no minuto seguinte. Já não tinha mais assento. Já não tinha mais cantinho dos desolados. E Zé Maria, coitado, com aquele sorriso que só os derrotados conformados conhecem, foi para o meio do ônibus amargar a sua mais completa falta de sorte. Poxa, Zé Maria…
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