Sovereign Outlet Store FB
Durante um ano, trabalhei em Niterói. Ir e voltar para casa era uma odisseia sem fim. Todos os dias, eu atravessava a baía de barca — às vezes a bordo da nova, às vezes a bordo da velha, que levava o dobro do tempo para deixar os passageiros do outro lado. A gente envelhecia lá dentro. Todos os dias, preocupada, a minha mãe me ligava para informar que tinha dado na TV que a Ponte estava engarrafada, que tinha acontecido um acidente na Ponte, que a Ponte tinha sido fechada para balanço, que alguém tinha se jogado da Ponte... E todos os dias eu dizia para ela que eu não ia para o trabalho pela Ponte.
Um dia, a barca em que eu estava bateu nas pedras. Um susto. Foi um tumulto danado porque nós, os passageiros, tivemos que aguardar uma autorização, que demorou uma vida, para desembarcarmos com segurança. Cheguei atrasada no trabalho e tudo. Deu em tudo quanto foi emissora de TV e de rádio. Indignada, liguei para casa.
EU: Mãe, você não soube o que aconteceu hoje, não?
MÃE: O quê?
EU: Da barca que bateu nas pedras. MÃE: Ah, sim! Vi, sim. Deu no jornal. EU: Eu tava nessa barca. MÃE: Tava, né? EU: Tava. MÃE: Ah... EU: Não me ligou por quê? MÃE: Porque eu sabia que você tava bem. |
sexta-feira, 11 de março de 2016
Mamãe sabe tudo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário