sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A barra de ferro


Às vezes, quando estou no ônibus, no trem ou no metrô, eu me agarro a uma daquelas barras de segurança e sinto a minha mão muito confortavelmente repousada ali. Às vezes, demoro para perceber que o motivo de tamanho conforto é a mão de um desconhecido qualquer que, quentinha, acolhe a minha e me livra do contato com a sempre gelada barra de ferro. Sem querer, forço intimidade com um estranho.
Mão na mão, pele na pele e doses e mais doses de constrangimento. Sem graça com aquela situação e sem saber direito o que fazer para se livrar do peso da minha mão folgada e espaçosa, o desconhecido vai retirando a sua, de mansinho, para não ser indelicado. Tudo para que eu não perceba. Só aí que eu me dou conta.
É como fim de namoro em que a parte desinteressada resolve abandonar o barco, mas não o faz de uma hora pra outra, de maneira abrupta, por não querer magoar a parte ainda muito apegada e emocionalmente instável.

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