segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Manual da Mulher Solteira -Parte 3 (a saga final)

Escrevo, hoje, o último texto da minha parceria com a Editora Guarda-chuva, que gentilmente me convidou para ler, em primeira mão, o Manual da Mulher Solteira, o livro superbacana da Elizabeth Koosed.
Ouso dizer que a autora, uma escritora norte-americana muito sagaz, reuniu os dilemas, os conflitos, os questionamentos e tudo mais que nós mulheres, especialmente quando estamos às voltas com algum relacionamento amoroso, temos em comum. Eu, pelo menos, me vi retratada em vários trechos, do início ao fim do livro, e me dei conta do quão positivo tem sido o meu amadurecimento.
Lidar com a rejeição, com expectativas frustradas e com toda sorte de nãos que a gente recebe na vida tem sido bem mais fácil aos 34 anos. É claro que essas experiências são muito particulares e cada uma dita o seu ritmo, mas, no meu caso, sem dúvida, sofro muito menos agora do que aos 24, por exemplo. Hoje, até rio das furadas em que eu me meti ao longo dos anos.
No “Manual da Mulher Solteira ”, a autora fala muito da importância da autovalorização e do amor-próprio. Eu já me relacionei com caras que se achavam a última bolacha (ou seria biscoito?) do pacote, que adoravam falar quão admiráveis eram suas carreiras, suas vidas, seus projetos, mas que nunca tinham o mesmo interesse pela minha vida nem pelas minhas escolhas. Eles queriam apenas ter uma boa ouvinte, uma plateia atenciosa (ainda que formada por apenas uma espectadora), alguém que aplaudisse cada um de seus passos. Eles tinham tanta necessidade de se exaltar, de se autopromover, que eu concluí que o grande objetivo deles era me fazer acreditar quão desinteressante eu era. Foram dois relacionamentos nesse esquema aí. Curtos, obviamente. Uma hora eu cansei e resolvi pegar o caminho da roça porque, né? Não sou obrigada.
Homens que só falam de si mesmos são egomaníacos. (…) Você nunca virá em primeiro lugar, por mais que se dedique e contribua para o relacionamento. A não ser que você não se importe de ficar em segundo plano na vida de um homem, é melhor viver sem alguém assim.
Conheço mulheres que se anulam, que topam viver com esse tipo de homem. Acho triste, mas é uma escolha delas. Eu fujo disso. Gente que só fala e não me escuta, só me interessa quando eu estou num assento de um coletivo qualquer. Aí, sim, eu sou exclusivamente ouvinte. Nas outras relações, eu prefiro a troca, mesmo. Quando não rola, quando não há interesse mútuo, eu perco o barato. Fico completamente desanimada.
Quebrei a cara inúmeras vezes, me interessei por quem não me dava bola outras tantas e me vi também ser muito jogada na prateleira do “um dia, quando eu cismar, lembrarei de você novamente, docinho”, uma velha conhecida de 9 em cada 10 mulheres (com margem de erro para mais). Quantas e quantas vezes eu caí nos papos mais batidos, nos papos mais manjados e chorei mais do que Thiago Silva em jogos decisivos da Seleção quando me dei conta que tinha sido feita de boba mais uma vez… Sobrevivi a tudo isso e, de alguma maneira, acho que aprendi alguma coisa com cada experiência frustrada. Juro que não é conversa para boi dormir. Acho mesmo que quanto mais a gente se ferra, mais aprende. Comigo, pelo menos, tem sido assim. Já sou quase uma doutora no assunto e tenho dado muitas consultorias gratuitas por aí.
Mas nem tudo é tristeza no meu repertório amoroso. Tive encontros bem legais, mas que, por alguma razão, não foram adiante. Ou porque a distância atrapalhava (praticamente uma sina minha) ou porque não tinham que ser mesmo. No entanto, é bom dizer que por não viver atualmente uma história bonitinha, daquelas que as pessoas acompanham nas redes sociais feito novela, não significa que eu tenha me tornado uma mulher amarga, rancorosa nem ingrata, embora o Latino diga o contrário. Só acho, de verdade, que a minha felicidade não depende apenas disso. Sigo tentando, continuo tendo encontros legais e eles, eu juro, têm me bastado. Pelo menos por enquanto. Hoje, erro menos, rio mais e assim, tenho me tornado a mais bem resolvida mulher solteira de que se tem notícia.

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