domingo, 29 de dezembro de 2013

Pro recalque passar longe


Recalque foi, sem dúvida, a palavra do ano. Na minha timeline só deu ela, que nada mais é do que uma variação da inveja e do olho gordo. Não se falou outra coisa. Creio que eu reúna aqui, na minha modesta lista de contatos, a maior concentração de alvos constantes da inveja alheia, embora eu, por mais que me esforce, não entenda os motivos de alguns. Nem é da minha conta saber. 

Em 2013, o recalque se fez tão presente, que foi até cantado em verso e prosa (risos). Prova disso é que começamos o ano afrontando as invejosas e terminamos desejando às inimigas vida longa. Eu que não sou linda, não sou rica nem pop, não desperto a inveja de ninguém. Acho. Entrarei 2014 tão pobre quanto fui em 2013, devendo uma fortuna no cartão de crédito, com as mesmas frustrações de sempre, mas rindo um bocado de um monte de coisas. Tudo continuará como antes, a não ser que a Mega Sena da Virada resolva me surpreender. Aí, meu bem, se isso calhar de acontecer, vestirei o meu collant mais justo, me juntarei às divas do funk e também cantarei o recalque. Prometo.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Status: destruída


Cansaço de todo um ano em uma semana. Obra em todo o trajeto até a Barra da Tijuca (o que já era triste, piorou), ritmo corrido no trabalho antes do recesso, dois cursos online em fase final e trabalhos pra entregar, prova no presencial, texto do freela pra escrever e saudade fora do comum da sobrinha há dias com o pai e que, querendo ou não, também dá uma minadinha na energia. Cansaço físico, mental e, se bobear, espiritual. Tô tão exausta, que nem sei o que eu tô fazendo aqui no Facebook. Vou dormir. Mentira! Vou pôr as minhas séries em dia.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

É pouco!


Li, na Globo.com, uma matéria sobre a moça encontrada morta junto com o padrasto. Depois fui à seção de comentários (sempre maravilhosa) e li o seguinte de Anita Carmo, que eu prefiro acreditar que ser um perfil fake e brincalhão: "É triste demais ver uma menina loira, de olhos claros e com um lindo sorriso perder a vida desta maneira.. as coisas estão caminhando de mal a pior.."

Quer dizer, se a morta fosse eu, uma hora dessas Anita diria: "É preta? Eu acho é pouco!" 

domingo, 15 de dezembro de 2013

No limite


Não sei se vocês sabem, mas eu tô aí com uma meta meio esquisita: me apaixonar por comida japonesa a qualquer custo. Ainda não sei bem por quê. Só sei que tô nessa desde o dia em que me disseram que esse é o tipo de coisa que a gente passa a gostar depois de muito insistir. Já tô nessa insistência há muito tempo, mas sem resultados animadores. Sexta-feira, por exemplo, ainda firme neste propósito, fui num restaurante, mas, infelizmente, sinto que não evoluí o bastante. Ainda como sushi como quem come olho de cabra no "No Limite". 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"Está passando em sua rua."


Ouvi a musiquinha do 'Plantão da Globo' vindo da rua, cheguei no corredor pra saber do que se tratava e vi que ela vinha de um carro de som que, logo em seguida, soltou esta mensagem: "consertamos todos os tipos de panela e fogão a gás na hora! Descobrimos qualquer problema na sua panela de pressão! É só trazer no carro de consertos que está passando na sua rua." 

Desde Beethoven no carro do gás, eu não via algo tão original.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Medidas de comprimento


Não tenho a menor noção do que representam, na prática, as medidas de comprimento. Pra não dizer que sou um completo zero à esquerda, sei o que são 30cm (com margem de erro pra cima e pra baixo) porque esta era a medida das minhas réguas escolares e imagino o que sejam 2m porque eu meço quase isso. Sei mais nada. Se, por exemplo, eu precisar pedir informação na rua e a pessoa disser que tô a 400m do meu destino, não saberei se estou a dez passos largos ou se terei de fazer uma caminhada de 1 hora e meia até lá.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Números


Você passa a infância toda decorando regrinhas de tabuada. Depois, no começo da vida adulta, tem de decorar os números do RG e do CPF e inventa uma melodia só sua, um método só seu pra ter aqueles números pra sempre de cor. Aí você cresce e fica aliviado porque a tecnologia é uma mão na roda e se dá conta de que não tem mais que decorar datas de aniversário nem números de telefone. Você fica um tempinho nessa ilusão. Acredita que nunca mais precisará memorizar número nenhum, mas aí a NET resolve mudar os números de praticamente todos os canais e você, desolado, chega à conclusão de que perdeu mais uma batalha.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Cantando com você


Hoje cedo, depois de levar a Milena na fono, aproveitei a carona do meu pai e desci num lugar pra resolver uma coisa que, pelos meus cálculos, não tomaria muito tempo. Meia hora, no máximo. Como não tinha lugar para estacionar, pedi a ele que a levasse pra algum canto e disse que eu ligaria assim que acabasse. 

Saí do carro sem bolsa, apenas com um envelope na mão e com o celular no bolso da calça, que eu só fui me dar conta de que estava praticamente descarregado quando o carro sumiu da minha vista. Pensei "ah, tem orelhão, né?" e fui lá fazer o que tinha pra fazer. Em 10 minutos eu já tinha resolvido tudo. Ao sair, já sem bateria, fui diretinho para o primeiro orelhão da pracinha de frente. Quebrado. Fui ao segundo e... quebrado também. Cheguei ao terceiro e, olha (!), estava funcionando! Liguei a cobrar para o meu pai e nada. Não completava a ligação. Tentei a minha irmã. Idem. Tentei falar com minha mãe também, mas é claro que eu não a encontrei em casa, né? Pensei de novo: "vou ali na banca comprar um cartão telefônico e ligar para o meu pai. Pronto. Problema resolvido". Mas não. Eu tinha deixado a bolsa no carro (lembra?) e estava tão lisa, que se o Luciano Huck aparecesse e me desafiasse naquele quadro em que ele multiplica o tanto que a pessoa tem em moedas por mil, eu perderia a oportunidade de faturar um extra de fim de ano. 

Eu estava incomunicável e sem dinheiro. Sem escolha, com sede e alimentando a esperança de que meu pai apareceria mesmo sem a minha ligação, sentei na praça e me deixei ser embalada pelo romântico som de Fernando Lélis, uma espécie de Odair José do Baixo Méier, que estava ali dignamente vendendo o seu CD. Voltei pro orelhão, finalmente achei minha mãe em casa, ela ligou pro meu pai, fui resgatada e deixei o Fernando Lélis pra trás. Mas como eu sou ingrata apenas na música do Latino, tô aqui divulgando o CD Fernando Lélis - Cantando com você, que me acalmou nesta manhã de desespero. Ouça! Compre! E se tiver de passagem pelo Méier, dê uma moral pra ele. Só não esqueça de sempre checar a bateria do seu celular.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A Viagem


"A Viagem" é talvez a novela que eu mais amei assistir. Amo tanto, que na última reprise (acho que em 2006), eu trabalhava meio período numa empresa de telemarketing e deixava todos os dias gravando em casa. Um dia, a luz acabou e minha mãe, num ato de solidariedade e de muito amor, ligou pra me avisar. Lembro de ela ter dito algo como "ó, não fiz nada, não mexi em nada... a luz é que acabou mesmo". O que eu fiz? Lembrei da TV 14 polegadas movida a porrada da barraquinha de doces de um ponto de ônibus lá do terminal Santa Luzia (o ponto do meu ficava a 5 minutos dali). 

Fui pra lá. Era ano de Copa do Mundo e a novela passava só alguns dias da semana. Quando era exibida, passava só uma parte. Parei ali e fiquei pra base de meia hora esperando um ônibus que nunca viria. Até comprei uma jujuba pra disfarçar. Ah, gente, era o capítulo da morte do Otávio Jordão, pô! Eu ia perder? Jamais!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

De nada sem obrigado


Retribuo acenos que não são pra mim, digo e faço coisas absurdas, impensadas e completamente sem sentido na hora de cumprimentar os outros e sou rainha absoluta do "de nada" sem "obrigado". 

Hoje eu fui um pouquinho além. Fiz um pequeno favor a uma pessoa que eu mal conheço, ouvi dela "obrigada aí e desculpe o incômodo", mas ao invés de responder com o "de nada" que eu tanto gosto e que uso sempre fora de hora, mandei um "obrigada nada!", que soou quase como uma grosseria. Tudo isso porque eu, na verdade, queria dizer "incômodo nada!". Foi tão sem porque nem pra que, que preferi não me corrigir pra não piorar o que já estava esquisito. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Margie do Campinho


Sempre que quero saber se já preciso dar um trato no cabelo, faço o teste que batizei como "carona do papai". Explico: quando ele (o cabelo) ganha uma forma exagerada, meu pai diz que eu o atrapalho porque precisa desviar de mim para ver o retrovisor do lado direito. Esta reclamação aciona o alerta de que preciso correr para o salão. Prático, né? Também acho. Sou praticamente a Marge Simpson do Campinho.

sábado, 16 de novembro de 2013

Da apatia à efusão


Daniela (EFUSIVA): boa tarde, senhora Renata! Aqui é a Daniela da Editora Abril.

Eu (APÁTICA): boa...

Daniela (EFUSIVA): maravilha! Que continue assim, não é mesmo?

Eu (APÁTICA): aham...

Daniela (EFUSIVA): então, senhora Renata, a Editora Abril está com uma oferta muito especial. Ao assinar a revista Veja neste mês, a senhora irá pagar apen...

Eu: não, não. Não tenho interesse, não.

Daniela: não? Mas por algum motivo?

Eu: não. Porque não. Só isso.

Daniela (APÁTICA): ok, senhora Renata. Tenha uma boa tarde.


Eu (EFUSIVA): obrigada! Pra você também!


terça-feira, 5 de novembro de 2013

4 de julho


Top Of Rock (Rockfeller Center), dia 4 de julho de 2013. Lá fomos eu e Thaisinha assistir aos fogos do m̶e̶u̶ ̶a̶n̶i̶v̶e̶r̶s̶á̶r̶i̶o̶ dia da independência norte-americana. Demos uma fortuna pra nos espremermos no meio de famílias francesas e seus "oh, là, là!", que eram nada perto dos nossos muito mais empolgantes "caraaaca, que foda!" e tudo mais. 

Quem já esteve lá sabe que no caminho até o ponto mais alto uma equipe organiza o público e o convida a fazer fotos diante de uma imagem do Rockfeller Center. Paramos, tiramos umas 3, 4 fotos com poses meio bobocas e combinamos de comprá-las assim que chegássemos lá em cima. Chegamos. Ela com um inglês médio e eu com um inglês pior nos revezávamos quando tínhamos que pedir algum tipo de informação. "Entendeu o que ele disse?", dizia uma. "Nada", respondia a outra. "Então você tenta entender a primeira parte que eu tento entender a segunda". E assim, às gargalhadas, a gente ia se virando em todos os lugares. Lá não foi diferente. Chegamos ao guichê onde as tais fotos eram vendidas. Nós nos aproximamos, perguntamos o valor para o cara, entendemos que cada uma valia US$15, dissemos uma pra outra "nossa, que barato! Vamos comprar depois dos fogos!" e voltamos para a área externa. 

Em algum momento, uma das duas (acho que ela) disse: "ele falou fifteen mesmo?". Voltamos lá e com ouvidos mais atentos, confirmamos o engano: cada foto custava, na verdade, US$50. Voltamos para os fogos e daquela noite, temos apenas os registros das nossas máquinas mesmo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

RIP, Jaiminho.


Uma vez, andando pelo Centro, meu pai recebeu do Jaiminho um cartãozinho. Na época, ele era candidato a deputado estadual. Estava aproveitando a fama de papagaio de pirata pra tentar um cargo público, né? Certa vez, durante a transmissão de uma reportagem do RJTV, vi que Jaiminho não estava enquadrado. Peguei o cartãozinho, liguei pra ele e disse: "vá mais pra direita, seu Jaime!" e ele, pra minha alegria, deu dois passinhos pra direita.

Jaiminho deve estar feliz por ser notícia. Ok, numa nota de falecimento, mas papagaio de pirata que é papagaio de pirata não se espanta com a morte. Nem mesmo com a própria.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tagarela


Milena ficou os 4 primeiros anos de vida sem ouvir. Só se comunicava por Libras. Tenho pra mim que da cirurgia pra cá, ela tem tentado compensar os anos em silêncio. 

Milena não faz outra coisa a não ser falar. E como fala... Fala pelos cotovelos. Não satisfeita em falar, espera que a gente interaja com a mesma empolgação. Estamos na rua desde as 6 horas e ela só deu trégua quando precisou entrar no consultório da fono. No caminho até aqui ela falou de um tudo. Perguntou como é que os moradores de prédios regam suas plantas, quis saber se Deus vê as pessoas pichando muros, falou com indignação do absurdo que é uma loja chamada Recreio Veículos estar na Tijuca e não no Recreio, debateu sobre a rotina dos trabalhadores de shopping, falou da colega da escola que começou a usar óculos e contou, com riqueza de detalhes, as emoções do capítulo de ontem de "Chiquititas". A sorte dela é que eu sou uma boa ouvinte.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vida que segue


Fui levar a Milena na escola, coloquei-a no canto da calçada e...

MILA: tia, você me bota no canto porque tem medo de um carro subir a calçada e eu morrer, né?
EU (rindo): se um carro me pegasse e eu morresse, o que você faria?
MILA: eu iria gritar.
EU: e depois?
MILA: eu iria correr.
EU: e depois?
MILA: eu iria sozinha pra escola, ué!



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Morena_Carente entra na sala



A mulher conheceu um irlandês num site de relacionamentos e, segundo ela, a afinidade foi tão grande, tão imediata, que eles falaram em casamento já na primeira conversa. Papo vai, papo vem, o cara disse que viria ao Brasil e perguntou se ela se importaria em largar o trabalho pra casar com ele em maio próximo.

O que ela fez? Disse "tá maluco?"? Não. Saiu do bate-papo na mesma hora? Também não. Achou aquilo normal e foi ao aeroporto encontrar o cara mesmo sem saber o número do voo nem a companhia aérea? LÓGICO!


O homem apareceu? Não. Fez reserva no tal hotel informado no bate-papo? Também não. A moça ficou com cara de tacho ao lado da Astrid e teve que voltar pra casa sozinha e de ônibus na hora do rush? Sim.

Tadinha, mas, porra! Tinha que levar o Tinder tão a sério assim, moça?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Bad hair day


No comercial da TRESemmé, a Alinne Moraes aparece escondendo o cabelo com um lenço, entrando apressada num salão de beleza e dizendo pra si mesma "não posso ser vista com o cabelo assim". Sabe o que é triste? É eu me dar conta de que o bad hair day dela dá um banho no meu cabelo num dia de esplendor e graça.

Complete as lacunas


Fiz uma provinha pra Milena estudar pro teste de Ciências de hoje. Enquanto respondia às perguntas, malandramente ela pegou o meu celular escondido pra me passar a perna e achar as respostas sem ter de esquentar a cabeça. Fiquei observando à distância pra dar o bote na hora mais apropriada. Quando peguei o celular, vi que ela havia escrito o seguinte no Google: "a --------- fixa a planta ao solo e retira dele a -------- e os ---------". Fiquei com tanta peninha, que desisti da bronca. Só escondi o celular. O Google é milagroso, mas ainda não tem o poder de desvendar o que está por trás dos tracinhos de questões do tipo "complete as lacunas".

sábado, 21 de setembro de 2013

Assento privilegiado


Entrei no ônibus. Todos os assentos estavam ocupados com pelo menos uma pessoa. Sentei lá no fundo ao lado de uma moça. 1 minuto depois, outra moça que ocupava sozinha um dos bancos altos levantou. O banco alto! Aquele da visão panorâmica! Aquele que todo mundo quer! Levantei também. Levantei pra marcar território, levantei pra que ninguém mais se atrevesse a sentar lá, afinal de contas, a janelinha daquele assento alto e com espaço generoso para as pernas já seria minha. Não tinha o que discutir. Levantei (já disse isso, né?), vitoriosa eu me aproximei, aí a moça, finalmente (!)... sentou de novo. Tinha levantado apenas para ajeitar a calça. Voltei derrotada para o outro assento. Ninguém riu. Ninguém apontou pra minha cara. Mas cada um daqueles passageiros, certamente, pensou consigo mesmo uma só coisa: "bem feito". Disso eu não tenho a menor dúvida.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Correspondente internacional


Vejo o Renato Machado no link ao vivo do Bom Dia Brasil (direto de Londres e eternamente sentadinho naquela redação) e me pergunto: se era pra aparecer sempre assim, tinha necessidade de mandar o homem pra lá, gente? Entendo Ilze Scamparini descabelada no Vaticano e só dando plantão quando entra papa, sai papa, morre papa, viaja papa, habemus papa, mas não entendo Renato Machado em Londres. Se mandassem o homem lá pra casa e projetassem uma redação fake num chroma key, aposto que o povo iria acreditar.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quer um tapa?


Aquele momento em que o garçom magia do bar de tapas vira pra você e diz que ao pedir uma bebida, você tem direito a um tapa e você, maliciosa, segura a risadinha e a vontade de dizer "pode dar na cara, moço!".

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Prafrentex


A mulher do Multishow disse ontem que o Justin Timberlake está "na crista da onda". A última vez que eu disse isso, fui injustamente ridicularizada por uns colegas de trabalho aí. Virei motivo de chacota. Sofri horrores. Fiz análise e tudo. "Na crista da onda" é moderno. "Na crista da onda" é descolado. "Na crista da onda" é prafrentex.

domingo, 15 de setembro de 2013

Memória seletiva


Há uns 2 ou 3 anos, meu avô caiu na rua e bateu com a cabeça no chão. Deu um susto em todo mundo e ficou um tempinho sem lembrar de muitas coisas. Um dia, minha irmã foi visitá-lo no hospital e o médico que o atendia sugeriu que ela fizesse algumas perguntas pra tentar ajudá-lo a recuperar a memória. E assim Daniele fez:

DANI: sabe quem eu sou?


VÔ (fazendo não com a cabeça): ahn-ahn

DANI: não?

VÔ (fazendo não com a cabeça): ahn-ahn

DANI: qual é o meu nome?

VÔ (fazendo não com a cabeça): ahn-ahn

DANI: não sabe o meu nome?

VÔ (fazendo não com a cabeça): ahn-ahn

DANI: qual é o seu time?

VÔ: Botafogo, ora essa!


sábado, 14 de setembro de 2013

Aquele menino, o Nando


VÓ: você viu o programa do Huck hoje?
EU: não.
VÓ: no programa do Huck, aquele menino, o Nando...
EU: Naldo!
VÓ: Naldo?
EU: é.
VÓ: o Nando consertou o carro do rapaz.
EU: o Naldo, né?
VÓ: é, o Nando.


domingo, 8 de setembro de 2013

Missão cumprida


Sempre que a Milena abre o iogurte e joga fora a tampa sem lamber, questiono o tipo de educação que eu, como tia, dei a ela. Acho que falhei em algum momento. Em compensação, sempre que ela abre o biscoito em dois, lambe o recheio e descarta o resto, a paz volta ao meu coração e à minha consciência. Sensação de missão cumprida, sabe?

Aqui jaz um perfil


Se eu morrer de uma hora pra outra, vocês façam o favor de, imediatamente, excluir o meu perfil no Facebook? Não quero que aconteça comigo a mesma coisa que tem acontecido com uma colega de trabalho que morreu há, sei lá, uns 4 anos. É sempre assim. Sempre que chega o dia em que ela comemoraria mais um ano de vida, os amigos do Facebook vão lá e dão parabéns. Nem me refiro às pessoas que sentem saudade dela, não. Acho mórbido e tal, mas nem é disso que tô falando. Eu me refiro àquelas que não fazem ideia de que ela morreu faz tempo e que escrevem "tá sumida!" no mural. 

Eu mesma soube da morte de uma maneira constrangedora. Fui lá no perfil, dei parabéns pelo aniversário e alguns minutos depois, alguém da família me mandou inbox pra informar que ela tinha falecido há 1 mês. Pô, mais isso foi 1 mês depois! Ela morreu há anos e até hoje tem gente que não sabe! 

Sim, eu tô aqui falando que acho isso o fim da picada, mas demorei pra exclui-la e fiquei um tempão acompanhando o bonde dos desavisados que todo ano bate ponto lá. Tsc. Bom, o importante é que eu desapeguei e finalmente excluí a moça. 

Então fica combinado assim, tá, gente? No dia que eu morrer, excluam isso aqui. E deem uma choradinha também porque eu sou legal pra caramba. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

GPS


Conselho pra quem é abordado na rua por alguém atrás de uma informação: se você não sabe como orientar direito, limite-se a dizer "ih, não sei". Tem gente que diz algo como "ih, eu até sei, mas não tô lembrando agor...peraí! Acho que...será que é aquela rua do supermercado? Tá vendo aquele posto de gasolina ali? Entre naquela rua, depois pegue a segunda à esquerda, quebre pra direita, aí lá na frente você... não, não. Não é isso, não. Peraí. Deixa eu pensar..." e segura a pessoa pra sempre. 

Quer dizer, o cara já está em cima da hora e se atrasa ainda mais porque teve a infelicidade de parar a pessoa errada. Fofíssima, porém errada. É com a melhor das intenções? É claro que é! Mas é perda de tempo. Ao menor sinal de que a pessoa pode meter o pé, alguns até a pegam pelo braço pra garantir que ela fique ali mais um pouco. Tem necessidade disso, gente? Pode acreditar: há sempre um jornaleiro-amigo logo à frente mais eficaz e mais preciso do que muito GPS por aí.

domingo, 1 de setembro de 2013

Meus 20 anos


"Oh! Que saudades que eu tenho
d̶a̶ ̶a̶u̶r̶o̶r̶a̶ ̶d̶a̶ ̶m̶i̶n̶h̶a̶ ̶v̶i̶d̶a̶
do tempo em que eu tirava fotos sem ter de encolher a barriga..."

Perdão, Casimiro. Perdão. Foi mais forte do que eu. Perdão.

sábado, 31 de agosto de 2013

Traído pelo galo


"Eu tô dirigindo agora. Já ligo pro senhor, tá ok?", disse ao celular a moça sentada ao meu lado no ônibus. Se escrota eu fosse, berraria "ô, 'motô', peraí que eu vou descer neste ponto!". Como não sou, deixei pra lá. 

Uma vez, um amigo meu se atrasou para o trabalho e de casa ligou para o chefe com a desculpa de que estava preso num engarrafamento no Centro. Só que o galo do quintal vizinho resolveu cantar e ele acabou desmascarado. Um galo a plenos pulmões na Presidente Vargas é um cadinho difícil de engolir, né?

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cala a boca, Micheline!


Sobre Micheline Borges, a moça que disse que as médicas cubanas têm cara de empregadas domésticas e que pra ser médico é preciso ter postura de um (risos), eu só tenho uma coisa a dizer: que nome escroto, hein, Micheline?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Crase


Eu já disse isso aqui uma vez, mas agora volto a dizer: crase é complicado, né? Também acho, mas me prometa uma coisa? Não use aleatoriamente o acento grave. Às vezes eu tenho a impressão de que nego escreve e depois para e pensa: "porra, não é possível que não role uma crasezinha sequer neste texto... Vou lançar uma aqui neste 'a todos', outra neste 'a você' e, deixa eu ver... ah, outra aqui neste 'a Deus' tb por que, né? É capaz de ter. Deus é importante. Deus merece um acento grave.". Não faça isso... Na dúvida, meu amigo, não use. Mais vale a falta do que o uso equivocado.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Gueixa afrodescendente


Tenho um vestido longo que limita os movimentos das minhas pernas. Sempre que eu tô com ele, esqueço deste detalhe. Agora, por exemplo, ao atravessar a rua, precisei dar uma corridinha por que um carro se aproximava. Quem me viu correndo certamente teve a impressão de ter visto uma gueixa afrodescendente fugindo de um samurai invisível. ¬¬

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sophia com ph


EU: que linda! Qual é o nome dela?
MOÇA DO ÔNIBUS: Sophia com ph.

Além de linda, Sophia com ph é fofa e ri pra todo mundo. Sophia com ph é encantadora. Amei Sophia com ph! Tomara que Sophia com ph, quando for uma mocinha, apresente-se assim: "oi, prazer, eu sou a Sophia com ph. E você?". Com muita sorte, ela ouvirá o seguinte: "eu sou o Kauã com k e aquela ali é a minha irmã Nathanny com th, duplo n e y".

sábado, 17 de agosto de 2013

Prazer de varrer


Por que será que quando eu vejo garis limpando a rua, varrer parece ser uma atividade tão prazerosa? Só eu acho isso? Varrer a casa, que é bom, não tem graça alguma. Juro que tenho vontade de pedir o vassourão emprestado por 3 minutinhos pra dar cabo do tanto de folha e terra que brota numa calçada. Sinto a mesma coisa quando vejo alguém passando o rodo. Literalmente.

sábado, 10 de agosto de 2013

Para Jéssica, com carinho


Volta e meia surge aqui na minha rua um carro de som coloridíssimo, barulhento e com fogos de artifício pra fazer uma surpresa a alguém. Hoje, por exemplo, é o aniversário da Jéssica, que eu não faço ideia de quem seja (não sei mesmo). Eu, claro, fui lá fora dar uma olhada, mas fui obrigada pela minha mãe a entrar porque gargalhei quando a mulher do carro de som, patética e com voz de taquara rachada, deu assim início ao seu discurso: "primeiramente eu queria dar uma boa-noite a todos. Segundamente eu queria chamar a Jéssica aqui. Vem cá, Jéssica!". 

Esse é um dos prazeres que só o subúrbio pode proporcionar a alguém. Tem nem o que discutir.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Progressiva


Eu e minha irmã saímos juntas e encontramos na rua uma senhora que nos viu crescer. Ela nos parou, falou, falou, falou e eu achei que não fosse parar mais. Uma hora lá ela virou pra mim e disse: "posso te falar uma coisa? Deixe o seu cabelo assim mesmo. Não faça progressiva, não. Acho ridículo esse bando de mulheres fazendo progressiva. Acho que até vale pra quem tem cabelo muito ruim, mas vc não precisa". Aí nos despedimos e fomos embora... eu, minha irmã e seus cabelos alisados com escova progressiva.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dona Yedda, a pândega


Minha avó gosta de chamar a atenção e fica de rabo de olho pra ver se tá agradando. Nem sempre tá, mas ela jura que tá. Vale de um tudo pra aparecer, mas ela usa basicamente 3 tipos de abordagem: diz que canta “Ronda” muito bem, conta piadas nível Louro José ou chega com um tabuleiro de empadão. 

A música ela jura que canta melhor do que a Marrom. A piada mais contada é a da notícia da morte da Neném (a irmã da Pepê). É sempre assim: ela se aproxima com cara de enterro e diz que a Neném morreu. Quando a pessoa finge ter acreditado e pergunta como foi que isso aconteceu, ela diz que Neném caiu do berço [sobe claque gargalhando]. O empadão é bom mesmo. O melhor que já comi em toda a minha vida. 

Se nós da família pedimos pra ela parar, a resposta é sempre a mesma: “mas as pessoas me acham divertida! Elas dizem ‘a senhora não é fácil, minha tia!’”. Todos. Ao longo de todos esses anos. Conhecidos ou desconhecidos, segundo ela, TODOS a chamam de “minha tia”. 

Esse é o roteiro de Yedda em salões de beleza, clínicas médicas, rodas de amigos dos familiares e qualquer outro lugar. Sempre tem um amigo que me diz “ah, Renata, mas sua avó é animada. Deixa ela!”. É, mas ninguém nunca precisou buscar a avó no salão de beleza e a encontrou cantando “Ronda” pra um monte de gente desconhecida e entediada. Não foi comigo. Foi com minha irmã. Mas poderia ter sido.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O limite do amarrotado


Sou da turma que se nega a perder tempo passando roupa. Acho que roupa desamassa no corpo. Se amarrota muito eu nem compro. Mesmo assim, às vezes, um amarrotadinho ou outro insiste em aparecer, mas nada que a desculpa do ônibus lotado não resolva. Mas tudo tem limite, né? Esse amarrotado aí tá puxado até pra mim, meu senhor! 

Tadinho... Vai ver ele nem tem como passar as calças e eu tô aqui sendo escrota julgando, mas, gente... Como não reparar? Juro que se eu tivesse um Black & Decker na bolsa, eu daria pra ele.

domingo, 28 de julho de 2013

Não sei contar sonhos


Quem me conhece, sabe que eu sou péssima pra contar sonhos por que os meus nunca fazem sentido. Morro de inveja de quem consegue contar os seus de cabo a rabo. Os meus são tão doidos, que num segundo eu posso estar fugindo de guerrilheiros agarrada ao pescoço de um tiranossauro rex e no seguinte posso estar no programa do David Letterman falando sobre as lendas da Amazônia enquanto o Wolverine faz minhas unhas do pé e o Bob Esponja gargalha na plateia de mãos dadas com, sei lá, a Susan Sarandon. É nesse nível. 

A noite passada eu tive um sonho sem sentido também, mas de uma coisa eu lembro bem. Nele, eu e a Angélica (a da pinta, a do Huck) éramos amicíssimas. Unha e carne mesmo. Acordei com vontade de ligar pra ela pra saber como vão as crianças e se está tudo bem por lá. Agora há pouco passou uma chamada do "Estrelas" no Viva e eu até sorri. Minha amiga. Chega deu orgulho.

sábado, 20 de julho de 2013

De volta pra casa


New Jersey, você é uma locação de filme da Sessão da Tarde. Vivi "altas confusões com uma turma da pesada" aí. NY, amada, você é um sonho realizado e estará pra sempre aqui, ó, no coração. Orlando, voltarei para visitá-la com as crianças. Você é encantadora. Miami... Ah, Miami... Não vou mentir. Durante muito tempo eu a julguei mal e a chamei de cafona. Tapa na cara. Te amo hoje como nunca amei ninguém. Agora é com você, Rio de Janeiro. Não me maltrate tanto com esse frio e se vire pra me fazer feliz. 1, 2, 3, VALENDO!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Push = puxe?


Posso ficar anos vagando pela Times Square, posso obter o certificado TOEFL, posso virar BFF da Beyoncé, posso ganhar o green card, mas eternamente confundirei "push" com "puxe".

terça-feira, 9 de julho de 2013

Profissão: passista


Você é mulata e está em outro país. Aí descobrem que você é brasileira. Qual é a conclusão que parece mais óbvia pras pessoas? De que você é "profissional de samba", claro! Como não? É isso, gente. Virei passista na minha última noite em NY.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Altas confusões em férias muito loucas



Domingo pegamos um trem de NY para New Jersey. Entramos e sentamos num vagão com uma véia simpática, sorridente, mas que não entendia nada do que a gente falava. Estávamos lá às gargalhadas quando uma segurança entrou e com voz de comando nos expulsou de lá. Eu, Thaisinha, Rodrigo e a véia sorridente, coitada, tivemos que descer. Levamos uma vida pra entender o que ela (a segurança) queria dizer. Sei nem como ela não virou a mão na nossa cara. Rodrigo mandou, quase sussurrando, e com o rabo entre as pernas um "I don't speak English...", Thaisinha disse "tô entendendo nada do que essa mulher tá dizendo". Eu não questionei nem bati o pé. Apenas obedeci. 

Não lembro mais por que razão, mas tínhamos só que mudar de vagão. Descemos destruídos, rechaçados, desorientados, mas como estamos acostumados a tanta humilhação nessa vida, descemos às gargalhadas também. Aí quando pisamos na plataforma, demos de cara com essa véia da foto. Achei adequado, achei SuperVia, achei Velha Guarda da Mangueira.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dica da Mila


MILENA: tia, se você quiser virar amiga de alguém lá nos EUA, você fala assim, ó: "uáti iou náme?"

EU: ah, é?

MILENA: é. E se você quiser saber quantos anos a pessoa tem, você fala... é... Como se fala "quantos anos você tem?" em inglês mesmo?

EU: how old are you?

MILENA: é! Aí você pergunta pra ela: "ráu oldi a iou?". Tendeu?

EU: tendi.

Milena e toda sua sabedoria me ensinando que a interação nos EUA é como um grande chat da UOL. 

Habilidade específica


Tenho ódio de mulher que anda de salto agulha em calçada de pedras portuguesas e com mais desenvoltura do que eu de chinelo no carpete.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestações


Posso ser óbvia? Serei. Quando o país do futebol (ok, um clichê horroroso) vai às ruas protestar contra a Copa, é sinal de que a coisa está muito feia. Ou está muito boa, depende do ponto de vista. Triste mesmo é ver que ainda tem gente contra as manifestações e que usa o argumento de que "isso não vai dar em nada! A mudança tem que ser feita nas urnas", como se ninguém soubesse disso. É lógico que a gente precisa aprender a votar, mas essa consciência não muda de uma hora pra outra (tô sendo óbvia de novo, eu sei). Ela é muito mais lenta do que se imagina e ir às ruas para protestar é uma das formas de mudá-la. 

É óbvio que teria sido lindo se essas manifestações tivessem acontecido à época do anúncio do país-sede da Copa ou durante as obras dos estádios. Não aconteceram, então por isso devemos desqualificar as manifestações de agora? Provavelmente as tarifas dos ônibus não serão reduzidas e ao que tudo indica, a Copa vai acontecer, mas só de saber que essas manifestações serviram pra chacoalhar o povo (principalmente o refém da mídia televisiva) já valeu. Sair da inércia, ainda que nada se resolva agora, já é um progresso. Ou o começo dele. 

Às vezes eu tenho a impressão de que os que são do contra mal veem a hora de dizer "eu avisei..." ou "eu já sabia" se por acaso os motivos dos protestos forem mais uma vez ignorados. Ainda bem que eles são minoria.

sábado, 15 de junho de 2013

Maquiagem inadequada


Não entendo por que algumas trocadoras de ônibus e caixas de supermercado precisam usar coque e maquiagem de atleta de nado sincronizado. É sempre uma coisa meio cagada, exagerada. Repara só. Elas estão sempre com ares de Atchim & Espirro (Patati & Patatá da minha geração). Tive agora vontade de tirar um lenço da bolsa, esfregar na cara da mulher do 260 e dizer "é pro teu bem, moça. Menos é mais". Eu, que sou preta, posso falar com propriedade: se você não é uma passista prestes a entrar na Sapucaí, não insista em usar sombra azul-celeste. O azul, infelizmente, nem sempre nos favorece.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Gravidez indesejada


E o tema de hoje na SuperVia é "gravidez indesejada". Vamos às pérolas:

"Entra o inverno e todo mundo fica enfurnado dentro de casa. Quando chega o verão, minha filha... tá tudo buchuda."

"Ela engravidou naquela época da pílula de farinha. Lembra dessa pílula?"

"Perguntei pra Madalena por que ela não se preveniu. Sabe o que ela respondeu? 'Ah, eu tenho alergia a camisinha...' Alergia, sei."

"Eu tenho uma colega minha que ela é ligada." Não ouvi o resto desta frase, mas nem precisa, né? Esse trecho basta.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Physique du role


Coisa que toda adolescente alta, magra e linda ouve por aí: "você é alta, magra, linda... devia ser modelo".


Coisa que toda adolescente alta, magra e desprovida de beleza (eufemismo para "feia") ouve por aí: "você é tão alta... devia ser jogadora de basquete ou de vôlei".

Não foi por falta de apoio que eu não virei a sucessora da Hortência ou da Márcia Fu.