quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Tralha, pra que te quero?

Tenho a terrível mania de acumular tralha. Ontem, parei para me livrar de parte dela. Joguei fora sacolas com recortes de jornais, de revistas, anotações que já não têm importância, cartões de visita de serviços que podem ser facilmente achados na internet e comprovantes de pagamentos completamente apagados. Achei até um raio-x de 2003, ano em que eu fui atropelada no estacionamento do Barra Shopping. Guardei aquilo por 11 anos pra quê? Não encontro respostas para esse tipo de apego.
Achei também um bolo de currículos em que eu evidenciava a minha então grande experiência profissional: a de operadora de telemarketing. Sou do tempo em que bater de porta em porta para se apresentar às empresas ainda era um hábito comum. Daí o motivo de eu ter tantos impressos. Uns 30, talvez. Agora eles se juntaram ao bolinho de folhas cujo verso Milena usa para estudar para provas. Continua sendo tralha, é verdade, mas agora é uma tralha com uma utilidade nova.
Dos recortes de jornal, joguei fora muitos cadernos Boa Chance e muitas edições especiais do Globinho com dicas para o vestibular. Só guardei as do professor Pasquale. Não ousei me desfazer das dele, até porque ainda são úteis para mim. Guardei também algumas crônicas que eu li, gostei, mas não tive coragem de jogar fora. Achei até provas minhas do 2º grau! Consegui me livrar da maioria, mas não das redações. Fiquei com todas.
Tralha é uma coisa que empaca a vida da gente, né? Não joguei tudo fora, mas reduzi um bocado e fiz um progresso significativo para os meus padrões. Tô a um passo de me tornar uma acumuladora compulsiva, como aqueles dos programas de TV, mas tô em fase de desprendimento. Acho que já é alguma coisa.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Amigo-oculto


Ontem, no amigo-oculto do Fantástico, a Cláudia Raia ganhou um guarda-chuva da Susana Vieira, a Susaninha para nós, seus súditos. Cláudia Raia, coitada, bem que tentou, mas não conseguiu disfarçar a decepção. Sei bem como é isso... Eu tinha uns 11 anos quando, num amigo-oculto em família, pedi um Brink Game, que era febre na época. Ganhei o quê? Isso mesmo, um guarda-chuva. Agora eu te pergunto: ganhei de um desafeto? Não! De uma tia chata? Não! De um primo debochado? Também não. Da minha mãe, a pessoa que, assim como o meu pai, é a que mais me ama na vida e mais quer a minha felicidade? Sim.
Conheço essa sua decepção, Cláudia Raia. Eu tb não esperava isso de Susaninha, da mesma forma que não esperava isso da minha mãe. Supere esse trauma. Rainhas também dão as suas mancadas. Beijo.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Moda Diná


Minha mãe foi ontem cortar o cabelo no salão de uma amiga e soube de uma coisa maravilhosa: que o corte Diná, de "A Viagem", é um dos mais pedidos. Todo mundo quer ser Diná. Todo mundo assiste à novela no Viva. Ninguém tá nem aí pro fato de a Diná ser de uma novela de 20 anos atrás, nem a minha mãe, que tb pediu o corte, mas acabou fazendo outro porque o cabelo dela não ficaria igual ao da personagem. No que diz respeito à resistência ao tempo, acho que já posso afirmar que o corte Diná é o nosso corte Rachel.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Martírio na cozinha


Coube a você a terrível missão de lavar a louça. Para piorar o que já é ruim, além de pratos, copos e talheres, estão também dentro da pia três tabuleiros, uma panela de pressão e uma frigideira. É uma louça trabalhosa, daquelas que acabam com as unhas da gente e que fazem você se sentir a pessoa mais injustiçada do mundo.


Depois de muito procrastinar, você respira fundo, resolve acabar logo com aquele martírio e dá início à operação. Quando o pesadelo caminha para o fim e sua vida volta a ter cor, algo terrível e inesperado acontece: alguém surge com mais louça. Mais trabalho. Mais castigo. Trata-se de um retardatário qualquer que levou 3 dias e 4 noites para acabar de comer. Constrangido e completamente tomado por um sentimento de culpa e outro de compaixão, ele se aproxima e, no sapatinho, põe a louça sobre a pia. Como não aguenta ver o seu sofrimento, ele dá as costas e some sem que você note que alguém esteve ali. 

Com lágrimas nos olhos, você lava a louça extra. Agarrado a um pano de prato e no melhor estilo Scarlett O'hara, diz para si mesmo que jamais passará por aquilo novamente. Eu já estive nos dois lados. Conheço essas duas dores. É por isso que falo com tanto conhecimento de causa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Made in Zamunda


Eletroencefalograma é um exame escroto, né? Acaba com a vaidade de qualquer mulher. Tô desesperada com a ideia de ter de lavar o cabelo com sabão de coco e sem direito a condicionador. Meu cabelo fica uma palha com shampoo. Com sabão de coco vai sobrar o quê, Jesus?! Tô pensando em comprar aquilo que chamam de lenço étnico e sair de casa fantasiada de figurante do casamento do príncipe Akeem, de "Um Príncipe em Nova York". Solução ridícula, eu sei, mas acho que assim, conseguirei preservar a minha dignidade. Ou o que restar dela.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Trombadinhas voadores da Central


Quem anda de ônibus pelo Centro do Rio sabe que algumas pequenas atitudes ajudam a evitar o roubo, pela janela, de bolsas e, principalmente, de celulares. Uma delas e a mais prudente de todas é não pegar o aparelho durante toda a viagem. Como isso parece impossível pra muita gente, o jeito é escolher o assento do corredor pra dificultar a ação dos trombadinhas voadores.
Sentar no do corredor, no lado da janela que dá pra rua e não pra calçada parece ser uma boa estratégia, certo? Errado. Agora mesmo, um cara, que não deve ter mais do que 1.70m, quase conseguiu levar o de uma moça que estava sentada justamente nesse lugar, digamos, mais "seguro". Só não levou porque ela foi mais rápida. Certa de que eles preferem atacar um passageiro mais distraído, sentado numa janela que dá pra calçada, ela achou que não teria problema algum pegar o aparelho ali onde estava, mas acabou surpreendida por esse quase roubo.
É isso, gente. Infelizmente, as táticas estão evoluindo. O jeito é ficar esperto pra evitar um prejuízo ou algo pior.
Bom, deixa eu guardar o meu celular aqui porque não tô a fim de ser a próxima vít

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Trem da alegria


Acho vendedores ambulantes verdadeiros artistas. Sério mesmo. Eles dizem e fazem de um tudo pra valorizar o produto que estão vendendo. Tô eu aqui, hoje, depois de uma longa temporada, de volta ao trem da SuperVia e num horário de grande circulação de passageiros. Assim que o trem saiu da Central, um homem começou a sua maravilhosa apresentação:
"Pessoal, o caminhão virou e o moço trouxe aqui, pra vocês, a deliciosa bala com aroma de café. Essa bala é de rico. É, gente! O moço não mente, não. É bala de grã-fino. Vende no Copacabana Palace, no Aeroporto Santos Dumont e na Rodoviária Novo Rio. Basta experimentar umazinha pra ver que essa bala é a mais fina, a mais gostosa e a mais nobre bala que você já experimentou. Experimenta, vai! Compra aqui no moço. É bala de rico, é bala de bacana, só que a preço de banana!"
Vários passageiros compraram e, automaticamente, subiram de classe social.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Quintal vizinho


Não é exagero. Todo santo dia, um pequeno acidente acontece no quintal ao lado. Minha vizinha vive aos berros e para o meu espanto, nunca fica rouca. Moram com ela o marido, quatro filhas e um filho. As meninas são escandalosas como a mãe, dramáticas e choram por tudo. A caçula, que deve ter pouco mais de dois anos, tem um vocabulário surpreendente para uma criança dessa idade. Ela é esperta e dá várias voltas nas irmãs.
Sempre que alguma coisa quebra lá dentro, a mãe faz o favor de lamentar, em voz alta, o prejuízo da vez. Já rolou de tudo: "ai, a minha televisão!"; "eu não tô acreditando que vcs derrubaram a geladeira!"; "que barulho foi esse aí, garotas?!"; "a estante vai virar na cabeça de vcs!"; "Meu Deus do céu, vcs quebraram a janela! Não pisa nos caaacos!"; "olha aí o que você fez com a sua irmã!"; "bem feito! Eu avisei! Se botar o dedo no fogão de novo, vai levar outro choque".
A caçula é malandra. Ela está sempre envolvida nos acidentes da casa. Quando não é a autora do pequeno delito, é cúmplice. Muitas vezes é vítima. Ontem, por exemplo, ela estava chorando aquele choro que começa estridente, fica mudo por uns 10 segundos e volta mais estridente ainda. A mãe correu, o meu coração veio na boca e a irmã disse: "ela bateu a cabeça no chão." Uns minutos depois, a menina já estava ótima, correndo pra lá e pra cá, dando gargalhada, enchendo o saco do cachorro e cheia de disposição pra quebrar o que ainda resta na casa.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Aos prantos


Eu estava há meses tentando comprar um produto para o meu cabelo que estava em falta em todos os sites especializados. Ontem, finalmente, vi que um deles voltou a tê-lo no estoque. Fiquei feliz e, mais do que depressa, garanti logo o meu porque, né? Não sou boba. Agora há pouco, sei lá por que razão,voltei ao site de novo e descobri que, hoje, o produto está R$30 mais barato. Um golpe duríssimo pra uma pessoa pobre como eu. Por fora eu tô ótima. Ninguém diz que sofri esse baque. Mas por dentro... ah, por dentro eu tô aos prantos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Mãe de carteirinha

Esta semana, minha irmã está participando de um treinamento numa outra unidade da empresa onde trabalha. Ela tem saído de casa mais cedo que de costume. Para ajudá-la, tenho assumido provisoriamente a função de mãe da Milena nas primeiras horas do dia.
Hoje, assim que acordou, Milena foi para o banho, tomou seu café da manhã, se arrumou para a escola, se penteou e apareceu maquiadíssima na sala. Uma maquiagem equivocada tanto para a escola, quanto para um casamento, mas perfeita para um baile de Carnaval.
Ordenei que tirasse aquilo. Ela fez manha, tentou me convencer de que não tinha problema ir à aula daquele jeito, mas eu, firme e serena, disse: "tira isso agora". Ela insistiu mais um pouco, mas como eu estava irredutível, apelou: "todo mundo vai assim pra escola!". Aí eu, sem pena, mandei: "você não é todo mundo!". Fim da discussão.
"Você não é todo mundo" me eleva à categoria de "mãe", embora eu nunca tenha parido. Vou juntar a papelada e dar entrada na minha carteirinha hoje mesmo.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Os 80 anos de Dona Miúda

A Beth e a minha mãe trabalharam juntas durante muitos anos e são amigas há quase 40. Elas mantêm contato e se frequentam até hoje.
Beth é uma mulher de 61 anos, viúva, sem filhos e cheia de filhos. Explico: ela não gerou, mas criou e ainda ajuda a criar os dos irmãos (na verdade, dos primos, já que é filha única), sobrinhos e sobrinhos-netos. É daquelas mulheres fortes que conduzem a família com dedicação e amor bonitos de se ver. Acho que todo mundo conhece pelo menos uma.
As festas da família dela são sempre animadas e muito fartas. Minha mãe vai a praticamente todas. Meu pai, que não é bobo, vai também. Eu só tinha ido ao aniversário de 1 ano da Camile, uma de suas sobrinhas-netas. Lembro que fomos com a Milena – na época, um bebê de pouco mais de 1 ano, e que era uma máquina de fazer xixi.
Como sempre faz, a Beth ligou para a minha mãe e a convidou para ir à festa de 80 anos de sua tia. O convite foi feito por telefone e oficializado com um cartão que chegou via Correios poucos dias depois. Beth é a resistência. Ela não se entregou de vez à era digital e não está nem aí pra isso.
Eu só tinha ido ao aniversário da tal sobrinha-neta. Este ano, sei lá por que razão, resolvi ir de novo a uma comemoração da família dela. Mentira, sei, sim. Milena estava com o pai, Daniele tinha saído com o Alex e eu, que não tinha planejado sair com ninguém para canto nenhum, não estava a fim de ficar sozinha em casa. Então eu decidi: iria também à festa de Dona Nilceia, a Dona Miúda para os íntimos. E lá fomos nós, eu, meus pais, a Vera (outra amiga de trabalho) e a Kátia, irmã da Vera, rumo a Bangu que, ironicamente, estava bem fresquinho naquele sábado insuportável de tão abafado. Um mito caiu: o bairro mais quente do Rio teve uma noite bem agradável.
Fomos os primeiros a chegar. As mesas ainda estavam sendo montadas e Dona Miúda já estava lá, toda elegante com o seu vestido lilás aguardando ansiosa a chegada dos convidados. E como eles demoraram a aparecer… Dona Miúda, coitadinha, não conseguia disfarçar a tensão. Pouco depois, ela veio até a nossa mesa e disse: “vocês não vão ver o meu bolo, não? Ele está tão bonito…” Que mancada a nossa… Chegamos e não fomos ver a mesa cuidadosa preparada para celebrar o aniversário dela. Panos roxos e lilases no painel ornavam com o seu vestido. O bolo também era lilás e sobre ele, uma boneca pretinha com agulhas de tricô nas mãos dava o toque final. Dona Miúda deu uma gargalhada e falou: “Eu gosto de fazer tricô enquanto estou vendo televisão”.
Elogiei o vestido e ela disse: “gostou? Eu achei muito comprido”. Ele batia nas canelas, mas Dona Miúda, danadinha, queria mesmo que batesse na altura dos joelhos. Falou também que não gosta de vestidos e que o único que tem é aquele que estava usando. “Meu negócio é blusa e saia”, disse. Mais tarde, ela voltou à nossa mesa, quis saber se estávamos sendo bem servidos e nos contou que não sabe cozinhar para pouca gente. Pensei até que ela tinha preparado tudo o que tinha na festa, mas não. Dona Miúda não sabe fazer pouca comida no dia a dia. Depois eu entendi por quê.
Os outros convidados chegaram praticamente juntos. De uma hora para a outra, todas as mesinhas foram ocupadas. Vans e mais vans paravam na porta e deixavam familiares e amigos vindos de Santa Cruz. E as crianças? Nossa, elas pareciam brotar do chão. A Beth fez questão de apresentar um por um. Minha mãe disse que é sempre apresentada a toda família, mas, no ano seguinte, já não sabe mais quem é quem.
Conheci a Elaine, o Maycon, o Gustavo, a Camile (a da festa de 1 ano), o Renan (que tem 14 anos e 1,78m), o bebê Miguel (que amou puxar o meu cabelo), a Carla, o pai da Carla, os avós da Camile, a Fernanda… Só consegui guardar estes nomes. O pai da Carla e os avós da Camile foram apresentados assim mesmo. Não sei como eles se chamam.
Sabe gente feliz? Assim é a família da Dona Miúda. Enquanto as crianças se divertiam no pula-pula, os adultos conversavam, dançavam e riam em todos os espaços da casa de festas. Tinha tanta bebida, que cheguei a lamentar por não gostar de cerveja. De qualquer forma, os antibióticos que eu estava tomando me impediriam de pôr álcool na boca.
O DJ Miguel caprichou no repertório. Botou as velhinhas para dançar ao som de Anitta, Jovelina Pérola Negra, Léo Jaime, James Brown e outros artistas. Vi a Beth dançando e fiquei hipnotizada. A mesma dancinha servia para todos os ritmos. Sempre que a minha mãe vai nas festas organizadas por ela, eu lembro daquela música da Angélica que rima Bete com sete e basquete. De repente eu estava lá, na festa da Beth, vendo a Beth dançar. Emoção demais para o meu coração.
O que amigas de tantos anos fazem quando se encontram depois de muito tempo sem se ver? Relembram os velhos tempos, riem, falam da família, dos antigos colegas, quem morreu, quem ainda está vivo, quem pirou e, entre outras coisas, quem anda sumido. Minha mãe quis saber por onde anda a Marlene. Vera e Kátia disseram que ela mora ali, na Dom Hélder Câmera, e anda com uma ideia fixa: arrumar alguém, uma companhia. Pensei: ah, que legal! A Marlene não desistiu do amor”. Que nada! Vera disse que ela quer alguém para pagar a luz, a água… quer alguém para ajudar a pagar as contas porque sozinha não está dando.
Minha mãe não desiste do plano de me casar a qualquer custo. Jura que não tem essa intenção, mas sempre que tem uma oportunidade, dá um jeitinho de me empurrar para os filhos das amigas. Na festa, ela perguntou tantas vezes para a Vera como estava o filho dela, que eu até já sei: Rodrigo tem 37 anos, ficou um ano casado e não quer saber de filhos. Ela perguntava, ficava com um sorrisinho de canto de boca e me olhava de rabo de olho como se quisesse dizer: aproveita, boba!” Mudei de assunto em todas as vezes para que ela entendesse o meu recado e desistisse de me casar com o cara. Eu quase falei que pretendo ter 4 filhos e que não abro mão disso para acabar logo com aquele papo.
Sou muito fã da Beth. Ela é naturalmente engraçada e eu acho que não se dá conta disso. Disse que cata latinhas nas festas para levar para não sei quem, não sei onde e é criticada pelos sobrinhos, que dizem que isso é coisa de pobre. A resposta ela já tem na ponta da língua: “e eu sou rica, por acaso? Sou pobre mesmo! Eu, hein!” Amo a Beth. Depois, ela mandou a Carla distribuir as lembrancinhas das crianças e dos adultos. Para elas, um sacolinha com um Guaracamp, um copo bonitinho, balas, biscoitinhos e guloseimas de todos os tipos. Para nós, uma tulipa e uma toalha bordada.
A Beth me confidenciou baixinho que a pessoa que bordou as toalhinhas errou em metade delas. Comeu um ‘i’ e pôs um acento agudo que não existe no nome de batismo de Dona Miúda. Minha mãe ganhou a errada: Nilcéa. Eu tive sorte e ganhei a certa: Nilceia.
Infelizmente, não tirei uma foto com a aniversariante do meu celular. Só saí na que o Renan tirou quando ela foi de mesa em mesa. Quando meu pai pediu para posar ao seu lado, Dona Miúda, topou e depois disse: “deixa eu ver como ficou o retrato, meu filho”. Viu, aprovou e foi falar com outra pessoa.
Às 23 horas, a festa seguia animadíssima, mas como moramos longe e estávamos lá desde as 19, resolvemos voltar para casa. Ela lamentou, tentou nos comprar com docinhos, mas estávamos mesmo decididos a ir embora. Parabenizamos pela família linda e feliz, elogiamos a festa e ela se adiantou: nos convidou para o seu aniversário de 90 anos. Está certo, então. Convite feito, convite aceito. A gente se vê em 2024, Dona Miúda!

sábado, 8 de novembro de 2014

Aquele do vôlei


PAI: Outro dia, eu vi aquele jogador de vôlei de praia lá em Ipanema. É Emanuel e...?
EU: Ricardo.
PAI: Isso! Eu vi o Emanuel.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Minicalendário parado no tempo


Tenho um TOC. Na verdade, tenho alguns, mas vou falar de um, especificamente: tenho pavor daqueles calendários pequenininhos que recebemos de farmácias, de entregadores de gás, cooperativas de táxi e outros serviços de entrega em domicílio. Ok, o pavor não é deles, exatamente. É de gente que cola esses minicalendários na geladeira e nos outros móveis da cozinha, mas não arranca a folhinha quando o mês acaba. É ridículo? Eu sei que é. Mas alguns TOCs são assim mesmo, meio ridículos.
Se estou na casa de alguém e vejo esse absurdo, peço autorização para arrancar as folhinhas até chegar ao mês corrente. Se não tenho muita intimidade com o dono da casa, seguro a onda. Tudo tem limite.
Não posso chegar na casa de um amigo meu, encontrar, em pleno novembro de 2014, um minicalendário estacionado em janeiro de 2012 e não fazer nada. Já passei por isso (de encontrar um ímã parado num mês de outro ano), fiquei bem indignada com aquela distração da pessoa e tratei de corrigir. Fiz um bem e fiquei aliviada.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Só o carteiro


CARTEIRO: boa tarde. Preciso que alguém receba uma correspondência, mas precisa assinar.
EU: ok, eu assino.
CARTEIRO: mas precisa pôr a identidade.
EU: eu posso pôr a minha.
CARTEIRO: mas vc é 'de maior'?!

Posso até não aparentar os 33 anos que carrego nas costas, mas dizer que não pareço 'de maior' é um pouquinho demais. Quando eu tinha 26, me perguntavam se eu tinha 15. Hoje, infelizmente, engano mais ninguém. Só o carteiro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Estágios da rouquidão


Estágios da rouquidão provocada pela gripe que peguei há uns dias: primeiro, sensual e levemente sussurrada como a voz da Carla Bruni. Depois, pulei para um tom mais grave, como a voz da Nair Bello. Agora tô no fundo do poço: regredi mais ainda e cheguei ao estágio Márcio Canuto.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Chicoteada


Por pura preguiça de ir até o armário pegar uma toalha pra enrolar no cabelo, fui até o varal, catei uma e não vi que um pregador de madeira continuava preso a ela. Fui pro banho, acabei o banho, joguei o cabelo pra frente e, no tato, achei a toalha. Aí eu a joguei no cabelo, esfreguei, esfreguei, esfreguei, enrolei, joguei pra trás com vontade e fui chicoteada nas costas pelo pregador. Senti uma dor tão ridícula e tão insuportável quanto aquela do carrinho de supermercado no calcanhar que eu falei aqui outro dia.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Frozen no Valqueire

Vizinha minha disse pra minha mãe que no Guanabara do Valqueire, duas mulheres disputaram o último quilo de açúcar Neve (R$0,92 a unidade). Uma puxou de um lado, outra puxou do outro, aí acabaram rasgando o saco. Putas da vida, tacaram açúcar uma na outra e assim, promoveram uma forte nevasca em pleno Valqueire. Não é maravilhoso? Já quero as imagens das câmeras dessa loja. Pago bem.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Minha gerente sorridente


Há uns dias, a gerente do banco me ligou com sorriso na voz e marcou uma hora pra eu ir lá fazer uma tal atualização de dados. Uma isca, né, pra me oferecer algum serviço, mas como eu já ia mesmo para aqueles lados, fui.
Assim que cheguei, perguntei quem era a Eliane. Vou tão pouco lá, que nunca sei quem é a minha gerente. O estilo camaleoa dela também não ajuda muito. Eliane já foi crespa, lisa, morena e ruiva. Agora é loira com fios levemente ondulados. Ou será o resultado de uma progressiva que precisa ser renovada? Não sei. Bom, o segurança apontou e lá fui eu até a mesa dela. Eliane me recebeu cheia de sorrisos, se empenhou pra arrancar um meu, mas como idas ao banco não costumam me animar muito, devolvi um sorrisinho amarelo mesmo.
Eliane começou, então, a fazer a tal atualização de dados, que não deve ter durado mais do que 3 minutos. Depois, como quem não quer nada, me apresentou um cartão de crédito que, segundo ela, seria muito útil pra mim. Agradeci, mas recusei. Falei que já tenho dois, que eles me bastam, que mal dou conta deles, que não preciso de mais um e blá blá blá, mas Eliane sorridente insistiu. Recusei novamente. Eliane, cada vez menos sorridente, insistiu mais um pouco. No meio da minha explicação, ela estendeu a mão e disse meio impaciente: “tá, boa tarde!”. E Eliane, a gerente sorridente, nunca mais sorriu pra mim.

sábado, 4 de outubro de 2014

Visita de Annabelle


Não tenho estrutura pra ver filme de terror, mas hoje, sei lá por que razão, me enchi de coragem e resolvi assistir “Invocação do Mal” sozinha na sala. Não basta ser filme de terror; tem também que ser baseado numa história real.
Pois bem, estava eu aqui já bem arrependida de estar vendo esta merda, mas certa de que, se tinha começado, iria até o fim. De repente, do nada, sem que eu tivesse dado algum comando, o volume da televisão começou a diminuir. Pânico. Desespero. Cagaço. Não, não era a Annabelle. Era o meu pai, do corredor, fora do meu campo de visão, com o controle remoto na mão. A gritaria do filme o incomodou e ele resolveu vir atrás de sossego.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

No meu tempo era diferente


Eu me dei conta de que rompi definitivamente todos os laços que tinha com a juventude quando me ouvi dizendo "aquela garotada" ao me referir a pessoas mais novas do que eu. Pra uma pessoa há anos acostumada a dizer "tudo joia" ao invés de "tudo bem" e "bacana" ao invés de "maneiro", é até normal. Tô num caminho sem volta. Próximo passo: dizer "ele é um pão" ao invés de "ele é um gato".

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dia Nacional do Surdo


A surdez é, talvez, uma das deficiências mais incompreendidas. Uma vez, vi alguém se referindo a ela como “deficiência invisível”. Desde que o assunto entrou na minha vida, com a descoberta da surdez da minha sobrinha, entendi isso e vi quão presentes são o preconceito e a intolerância na vida dos deficientes.
Certa vez, Milena pediu a uma antiga professora que repetisse a explicação de uma matéria e ouviu dela, em tom de deboche: “esse seu aparelhinho não está funcionando bem, é?”. Tão absurdo, que a gente chegou a duvidar que tivesse mesmo acontecido dessa maneira, mas um colega de turma confirmou. Depois, uma sucessão de acontecimentos acabou de vez com a dúvida. Se uma professora é capaz de dizer isso pra uma criança em sala de aula, imagina com que tipo de coisa os surdos que não tiveram as mesmas oportunidades têm de lidar?
No Dia Nacional do Surdo, torço por mais compreensão, mais visibilidade, mais informação, mais acessibilidade e, sobretudo, mais respeito. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Barraqueira


Não sou barraqueira, mas fecho a cara e uso a minha altura pra intimidar quem tenta furar a fila do BRT. Tá, sou barraqueira.
Agora há pouco, duas moças que estavam atrás de mim me alertaram: "olha, cê toma cuidado, senão esse pessoal aí ó vai passar a sua frente, hein?" E eu, em tom de intimidação, disse: "ah, mas não vai mesmo!".
Barraqueira profissional.


domingo, 21 de setembro de 2014

Minha amiga japonesa


 Resolvi salvar as minhas fotos do Orkut antes que o site saia do ar e eu perca tudo. Ao passar pelos álbuns, vi numa foto o comentário de Yukie Kikuchi, amiguinha japonesa que eu tinha na época e com quem eu treinava o meu inglês. Eu conversava com várias pessoas, mas só Yukie virou amiga mesmo, a ponto de nos adicionarmos no Orkut. Nem sei como ela me entendia. Se o meu inglês não é lá essas coisas hoje, imagina como era em 2007, 2008?
Yukie era gente boa, trabalhava como secretária e tinha uma filhinha fofíssima chamada Manami. Aí eu pensei aqui: “por onde anda Yukie? E a filhinha? Já deve estar uma moça, né? Vou procurá-la no Facebook.” E joguei Yukie Kikuchi na busca… Apareceram 700. Todas japonesas. Todas iguais. Desisti de reencontrar Yukie.

sábado, 20 de setembro de 2014

A Viagem

A Viagem foi a novela que eu mais amei acompanhar. Ainda amo. Amo tanto, que na reprise 2006, eu trabalhava meio período numa empresa de telemarketing e, todos os dias, programava o meu vídeo-cassete.
Um dia, a luz acabou na minha rua e minha mãe, num ato de solidariedade, compaixão e de muito amor (e um pouco de medo também) ligou pra me avisar. Lembro de ela ter dito algo como “ó, não fiz nada, não mexi em nada… a luz é que acabou mesmo”. O que eu fiz? Lembrei da TV 14 polegadas movida a porrada que tinha na barraquinha de doces de um ponto de ônibus lá do terminal Santa Luzia (o ponto do meu ônibus ficava a 5 minutos dali). Fui pra lá.
Era ano de Copa do Mundo e a novela passava só alguns dias da semana. Quando era exibida, passava só uma parte. Sempre cortavam os capítulos porque os jogos eram mais importantes. Parei ali e fiquei pra base de meia hora esperando um ônibus que nunca viria. Até comprei uma jujuba pra disfarçar. Aquele era o capítulo da morte do Otávio Jordão (Antonio Fagundes). Eu ia perder? Jamais!
Uma curiosidade boba: tirando a reprise de 1997, todos os outros anos em que foi exibida foram anos de Copa do Mundo. 1994, 2006 e 2014. Já tô na torcida pra que a novela seja reprisada no ano do hexa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Frente a frente


Você está andando pela calçada e no sentido contrário vem uma pessoa qualquer. Você a vê se aproximando aos poucos e não precisa pensar muito na pequena manobra que terá de fazer pra não esbarrar nela. Vocês se aproximam um pouco mais e agora estão separados por um passo. Frente a frente. Vocês só precisam desviar um do outro pra evitar uma trombada. Coisa de segundos. Vocês tentam uma vez, mas acabam indo pro mesmo lado. Sem pensar muito, você escolhe a direita. A pessoa escolhe a esquerda. Nenhum progresso. Vocês continuam impedidos de seguir seus caminhos. Aí, juntos, vocês escolhem o lado oposto. E de novo. E de novo. E de novo. E ficam nesse vai e vem eterno e patético que mais parece uma brincadeira boba de espelho.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Musa do BRT


Prezado internauta, siga os 4 passos a seguir:
1- Entre na rede mundial de computadores (ok, você já está);
2- Acesse o site YouTube;
3- Digite algo como "fila do BRT". Se esta busca não gerar resultados, tente algumas variações;
4- Mire na pessoa mais abatida do vídeo. Achou? Sou eu.

Todo dia tem alguém filmando nas estações Madureira e Alvorada do BRT. Sempre que percebo que tem um celular mirando a fila em que estou, um bocejo resolve entortar a minha cara. Eu, certamente, devo aparecer com cara de quem tá pensando na morte da bezerra em todas essas filmagens.
Vou investir em trajes mais descolados, vou assistir algum tutorial de maquiagem da Julia Petit pra caprichar nas minhas e vou ensaiar alguns carões no espelho também. Se bobear, vou até arrumar um leque pra deixar os cabelos sempre esvoaçantes. Tudo pra melhorar a minha imagem. Vai que amanhã ou depois um desses vídeos viraliza na Internet ou vai parar no RJTV, né? Eu tenho que estar preparada.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Verbete


O termo "filhadaputisse" já está no Volp e no Houaiss? Tá na Barsa? Se não, sugiro a inclusão imediata. Já tenho até o verbete pronto: 
1. Ato de entrar no ônibus, pedir licença para passar, ser prontamente atendido e se instalar no lugar da pessoa que, gentilmente, abriu caminho. 
2. Comportamento de quem é escroto. 
3. Mau-caratismo.

De nada, ABL.

sábado, 6 de setembro de 2014

Semana da Beleza do Guanabara

Ir ao Guanabara durante a Semana da Beleza (que dura bem mais do que uma semana) e enfrentar o engarrafamento de carrinhos. Ter de lidar com o medo e o risco iminente de acertar o carrinho na canela de alguém ou de ser atingida por um. Entrar na fila do caixa com uma senhora tagarela atrás e ter o azar de a máquina dar pau justo na minha vez. Ver a senhora tagarela desistir da fila, ir pro caixa ao lado e sair do supermercado antes de mim. Por fim, perder feio pra moça do caixa, que de tão ágil, me impediu de vencer a competição em que ponho em prática uma habilidade da qual eu muito me orgulho, mas que só existe na minha cabeça: a de ensacar as compras na mesma velocidade com que elas passam os produtos. Perdi. Eu não estava na minha melhor forma hoje, mas se isso virar modalidade esportiva, eu sou a esperança de ouro pro Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016.

Poxa, Rodrigo...


Fim do jogo Vasco x América Mineiro. O jogador Rodrigo para pra dar aquela entrevista na beira do campo e diz: "passei mal a noite inteira, tive uma diarreia bem forte..."
Poxa, Rodrigo... Nós já fazíamos ideia da natureza desse seu mal-estar. Podíamos ter sido poupados desse detalhe, né? Desnecessário. Tsc.


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Bom dia, Mandy!


Sempre que começo a trabalhar num lugar novo, uma dúvida me atormenta (atormenta nada! Tô só dando uma supervalorizada na emoção): a partir de que momento já posso chamar a pessoa com quem troco mensagens diariamente pelo apelido? Juro que fico analisando isso. É uma bobagem sem tamanho, eu sei, mas taí uma coisa que sempre me deixa pensativa.
O que me perturba, na verdade, é não saber por qual apelido a pessoa prefere ser chamada. Se é que prefere. O fato é que, pra maioria das pessoas, se referir à outra pelo apelido no trabalho é bom pra quebrar o gelo e deixar as trocas internas de e-mail menos formais.
As pessoas não têm problema com o meu nome, afinal de contas, Renata, automaticamente, vira “Rê”. Simples. A mesma coisa acontece com Luciana, que vira “Lu”, com Cristiane, que vira “Cris”, Carolina (Carol, claro!), Roberto (Beto),Tatiana (Tati), Daniela (Dani), Rafael (Rafa). São apelidinhos fofos e já consagrados. O problema é que eu, volta e meia, trabalho com pessoas cujos nomes são difíceis de apelidar. Aí eu me desespero porque vejo a pessoa me chamando de “Rê”, enquanto eu continuo lá, meio alheia àquela delicadeza/fofura, muito corporativa e quase insensível chamando a pessoa pelo nome de batismo.
O nome da vez é “Amanda”. Eu já conhecia a Amanda de outros carnavais, mas como não chegamos a trabalhar no mesmo setor na vez anterior, pra mim, ela continuava sendo a Amanda daquela outra empresa. Mas ela fez uma coisa ótima: facilitou a minha vida assinando os e-mails com o apelido. Uma mão na roda, né?
Fica aí a dica pra você que tem um nome lindo, um apelido idem, mas muito particular. Se também está a fim de quebrar o gelo e ser chamado de forma carinhosa, adiante o lado do coleguinha e ajude a zelar pelo ótimo relacionamento em equipe.

sábado, 30 de agosto de 2014

Língua presa

VÓ: eu tenho a língua presa.

MÃE: A senhora não tem língua presa, Dona Yedda.

VÓ: Tenho.

MÃE: tem nada!


VÓ (elevando a voz): tenho, sim! Eu falo 'Crara', 'Crarice'...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Pedro Paulo

Juliana e Marina são amigas de faculdade, daquelas que fazem trabalhos juntas e vão e voltam das “chopadas com a galera” também juntas.
Juliana era namorada do Pedro Paulo, que também é colega de faculdade das duas. Era porque Pedro Paulo, bêbado, terminou com ela na quinta-feira passada.
Até quarta, Pedro Paulo estava ótimo, todo apaixonadinho. Na quinta, ele encheu a cara, se encheu de coragem, encheu o peito e disse: “acho melhor a gente terminar”. Disse isso na casa da Juliana, com os pais dela por perto e tudo. Coitada… Juliana, que não é infantil como o Pedro Paulo, na mesma hora foi até o quarto, catou as fotos do casal, picou e jogou em cima dele. Bem adulta, bem madura, bem sóbria. Marina aprovou a atitude e se dedicou a consolar a amiga com uma série de clichês do tipo: “você vai dar a volta por cima”; “você é forte, amiga”; “ele vai voltar correndo, mas quem não vai querer é você”;”quem tá perdendo é ele” e outras pérolas tão maravilhosas quanto estas.
Juliana está forte agora, mas sofreu muito nos primeiros dias. Sofreu na quinta, sofreu na sexta, no sábado também… no domingo, então, nem se fala! Domingo foi o pior dia. Mas Juliana jura que já está esquecendo o Pedro Paulo. Já excluiu o ex do Facebook, deixou de seguir no Twitter e, no Instagram, apagou todas as fotos deles juntos. Menos aquela da Fun Fest. A da Fun Fest, não, poxa! Juliana deve ter ficado bem gata nessa foto pra não querer apagá-la.
Pedro Paulo é um cara sem limite. Terminou com a Juliana bêbado, na casa dela, aparentemente sem motivo, mas, segundo a Marina, já comentou com as amigas que eles têm em comum que quer continuar amigo da Juliana. As duas riram. “Era só o que faltava! Impossível isso, amiga”, disse uma delas. Acho que foi a Juliana, não lembro mais. Pedro Paulo não tem vergonha na cara.
Juliana tá se fazendo de forte, mas tá sofrendo que eu sei. Ela ama muito o Pedro Paulo, mas tá determinada a esquecê-lo. Marina é um ótimo ombro-amigo. Só manda frases feitas, mas me pareceu uma amiga sincera e preocupada.
Não sei como Juliana e Marina são fisicamente. Pelas vozes, devem ter 23, 24 anos, no máximo. Elas estavam sentadas logo atrás de mim, no ônibus, e eu, infelizmente, não tive uma ideia brilhante que justificasse uma olhada, do nada, pra trás. Pensei em virar e perguntar quando é que o Maroon 5 vai fazer outro show por aqui de novo, mas achei que não ia colar e desisti. Vou morrer com essa curiosidade. Não a do show; a da cara das meninas mesmo.
Como esse mundo é muito pequeno, mudei os nomes. Só mantive o de Pedro Paulo porque Pedro Paulo é um nome muito bom de falar. Infelizmente, conheço nenhum. Acho que ninguém chama um Pedro Paulo só de Pedro ou só de Paulo. É Pedro Paulo e ponto.
Deve se muito bom namorar um Pedro Paulo, né? “Pedro Paulo, vem cá!”; “te amo, Pedro Paulo!”; “Pedro Paulo, vá à merda!”; “Pedro Paulo, aproveita que cê tá na cozinha e traz um iogurte pra mim?”; “Pedro Paulo, quem é ‘essazinha’ curtindo todas as suas fotos no Instagram, hein, Pedro Paulo?”. Viu? É um nome maravilhoso! Vai ver Juliana está arrasada justamente por isso.
Eu te entendo, Juliana. Quer um conselho? Esqueça o Pedro Paulo e saia à caça de um Mário Márcio pra chamar de seu. Afogue as mágoas nas chopadas com a galera e, por favor, apague a tal foto da Fun Fest. Pratique o desapego, menina! Vá bem linda até a mureta da Urca e tire uma foto incrível lá. A luz daquele lugar é ótima! É capaz até de o Pedro Paulo se arrepender do que fez. Mas aí já vai ser tarde, né, não, Marina?

domingo, 24 de agosto de 2014

Quase pré-adolescente

Milena já é, como ela mesma se define, uma "quase pré-adolescente". Hoje, ela se arrumou pra festa de uma amiga, ficou linda e eu enchi o saco dizendo: "Meu Deus, que liiiinda! Deixa eu tirar uma foto! Faz aí uma pose bem bonita pra tia". Ela fez cara de "ai, que saco!" em todas as fotos (de propósito, claro, pra eu não postar) e não aguentava mais aquela papagaiada toda. 

Outro dia eu a agarrei na porta da escola, enchi de beijos e ela me fuzilou com os olhos. Virei uma tiazona. Já tô até vendo. Daqui a uns 4, 5 anos, perguntarei "e os namorado, Mila?" nas festas de fim de ano. 

É triste admitir, mas acho que eu me transformei no pior pesadelo de toda "quase pré-adolescente".

sábado, 23 de agosto de 2014

Himata, Tainara, Renata


- Qual é o seu nome?
- É Renata.
- O meu é Bruno. Se precisar de ajuda é só me chamar, tá, Tainara?
Se enjoar da Taco, o Bruno pode muito bem tentar a sorte numa Starbucks, né? Perfil pra trabalhar lá ele tem.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Desafio do Gelo

Se quando tô entrando num mar ou numa piscina (devagar pra me acostumar, aos pouquinhos, com a temperatura) tenho vontade de bater naquela pessoa que, pra fazer graça, joga água em mim, o que eu seria capaz de fazer com o sujeito que resolvesse virar um balde com gelo na minha cabeça? Matar, talvez?
Tá, a causa é nobre e só viram o balde depois que a pessoa dá o ok, mas eu, se artista fosse, diria: "legal, queridos, vocês têm o meu apoio, mas nem se atrevam a chegar perto de mim com esse balde. Caso contrário, largarei a carreira, irei pro mato e ninguém, nunca mais, me verá caminhando pelo Leblon. Ninguém me achará. Nem o TV Fama. Estão me ouvindo?"

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Chuva de moedas

Entrei no 383 lotado. Dei R$20 pro trocador e ele me deu parte do troco em moedas. R$3, pra ser exata. Passei pela roleta e ergui os braços pra segurar um dos ferros do alto. Uma mão com as moedas. Três Reais. Fiz uma espécie de pinça com o polegar e o indicador. Aí o ônibus deu um solavanco, eu esqueci da pinça e... perdi meus R$3. Chuva de moedas. Fui puta pro final do ônibus. R$3 é pouco? É. Precisa lamentar tanto assim? Não. Tô sofrendo? Pra cacete.

domingo, 27 de julho de 2014

Missão Brigadeiro


Sempre que a Milena vai numa festinha, eu dou a ela a seguinte missão: a de trazer brigadeiros pra mim. Ontem não foi diferente. Ela foi ao aniversário de uma amiga e eu tratei de lembrá-la desse nosso acordo. Só que essa modinha de brigadeiro em copinho anda melando os meus planos. E o que foi que aconteceu? Milena voltou pra casa com apenas um copinho. Um copinho!
Boa era aquela época dos docinhos enrolados à mão em que a gente podia malocar vários num guardanapo ou num copo de plástico e trazer pra casa… Com esses copinhos fica praticamente impossível! Vamos resgatar o antigo hábito de enrolar docinhos, gente! Copinho pra quê? Vocês têm noção do tempo que uma desgraça dessas leva pra desaparecer da natureza? Têm noção do terrível impacto ambiental que isso provoca? Vocês devem estar se perguntando agora: “ah, mas e os copos de plástico pra malocar docinhos, Renata? Esses não contam?”. Pois eu já tenho uma resposta na ponta da língua: esses têm missão dupla, afinal de contas, servem tanto pro refrigerante quanto pro transporte dos docinhos da festinha até a nossa casa. Sejamos conscientes e voltemos pros docinhos enrolados à mão. Eu não tô pensando em mim. Tô pensando no futuro do planeta.
Agravante: minha irmã disse que a Milena, na verdade, tinha separado mais três copinhos pra mim, mas a aniversariante, ao se levantar da cadeira, derrubou todos no chão, provocando, assim, um desperdício/prejuízo de valor incalculável. Taí outro assunto que também merece discussão, mas como tudo isso me deixou muito abalada, prefiro deixar este debate pra uma próxima oportunidade.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Festa no subúrbio


Tudo começou com um post sobre a simplicidade maravilhosa da festa de aniversário de Arabella, neta de Donald Trump. Ao que tudo indica, a mãe dela resolveu (ou é do tipo que curte) contrariar aquela necessidade quase desesperada que alguns pais têm de fazer do aniversário de um filho um superevento. Achei isso o máximo, principalmente por saber que, sendo neta de quem é, a menina poderia ter tido uma daquelas festas grandiosas, luxuosas e cafonas. Mas, não. A mãe dela não está nem aí pra essas bobagens. Sorte de Arabella.
Fiquei sabendo disso num grupo do Facebook em que eu e o meu amigo André fazemos parte. Foi o suficiente pra que nós lembrássemos das nossas inesquecíveis festinhas de subúrbio e do quanto elas, verdadeiramente, nos faziam felizes e nos fazem gargalhar hoje em dia.
Várias coisas marcaram os aniversários das crianças suburbanas dos anos 80 e 90. Uma delas é que a criança vencia na vida quando conseguia comemorar longe de casa. Eu alcancei essa graça nos meus 10 anos, quando comemorei no Tivoli Park. André, que na sua festa de 10 anos trocou de roupa 3 vezes (ele nasceu pra ser estrela), lembrou que fazer festinha no Mc Donald's era coisa pra poucos. Isso meio que elevava a criança à categoria de riquinha da vizinhança. Mas as festas que trazem as melhores recordações são aquelas que comemorávamos numa sala apertada ou num quintal com uma parede inacabada. Era cafona, era confuso, mas era bom. Nós, inclusive, chegamos à conclusão de que festa de subúrbio que se preza, tem sempre que contar com uma espécie de "cortadora" oficial de bolo. A dele era a Vitória. A minha era a Maria Helena, que era também quem preparava os bolos de 90% das crianças da minha rua.
O que eu mais amava em festas infantis era o bolão. Como sempre fui uma criança grande, daquelas que penavam pra achar a Sandalinha da Xuxa nas lojas, levava vantagem nesta que era a hora mais aguardada das festas. Não sei por que fazia tanta questão daquilo. A gente se matava pra levar pra casa um apito, uma língua de sogra e outras bobagens do tipo. Não faz sentido. Acho que valia pela diversão.
Uma vez, fui na festa do filho de um colega de trabalho do meu pai e, claro, corri pro bolão. Isso foi no comecinho dos anos 90, época em que eternizar as festas num VHS era moda no subúrbio. Era sempre assim: quando ficava pronta, a fita passava por todos os convidados que tinham vídeo-cassete e que, por isso, tinham o privilégio de assistir àquelas edições com efeitos fantásticos, em que gaivotas, cachoeiras e o Kenny G quase roubavam o brilho do aniversariante. Até que chegou a vez do meu pai levar a fita pra casa... Eu quis morrer quando vi. Na parte em que aparece o cara encostando o cigarro pra estourar o bolão (outro clássico), resolveram meter um slow motion e olha eu lá, em primeiro plano, toda cagada de farinha, descabelada, mas triunfante com meus brinquedos inúteis nas mãos.
Arabella, no próximo ano, peça brigadeiro, guaraná Pakera, contrate uma cortadora de bolo de sua confiança e, claro, não esqueça do bolão com farinha. Esse será o seu aniversário mais incrível de todos. Vá por mim.